Equipe de Temer está quase pronta

Eliseu Padilha, Foto Orlando Brito

Nas últimas horas, o processo de montagem da equipe do futuro governo deslanchou.  Depois da decisão do cirurgião Raul Cultait, uma das estrelas do conceituado Hospital Sírio Libanês, de aceitar o comando do Ministério da Saúde, outras definições ocorreram. O deputado Osmar Terra (RS), presidente da Frente Parlamentar da Saúde, foi deslocado para o Ministério do Desenvolvimento Social. Terra será o representante do grupo do PMDB pró-impeachment no governo. De acordo com a turma que o indicou, ele teve uma boa experiência na área social ao assessorar a ex-primeira dama Ruth Cardoso, no projeto Comunidade Solidária.

Senador José Serra e deputado Osmar Terra, foto Orlando Brito
Senador José Serra e deputado Osmar Terra, foto Orlando Brito

No quebra-cabeça montado no Palácio do Jaburu, além de Osmar Terra, Eliseu Padilha (Casa Civil) Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Romero Jucá (Planejamento) o PMDB emplacará outros dois ministros. Um deles no Esportes, indicado pelos caciques do partido no Rio de Janeiro, que pleitearam o cargo por causa das Olimpíadas. Mesmo com novos nomes sendo avaliados, continua no páreo o deputado Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral. Também faz parte da cota do partido o Ministério das Minas e Energia, chefiado há anos por senadores peemedebistas. De acordo com o entorno de Temer, Minas e Energia está reservado para um senador do PMDB. O ex-ministro Henrique Alves, amigo pessoal de Temer, ainda batalha para voltar ao Turismo, mas não conta com o apoio da bancada do PMDB na Câmara e nem da do Senado. O Turismo deve ser usado como moeda para acomodar aliados ainda sem espaço no novo governo.

Deputado Bruno Araújo, foto Orlando Brito
Deputado Bruno Araújo, foto Orlando Brito

O PP também estava no páreo da Saúde. O primeiro nome que o partido sugeriu foi o do deputado Ricardo Barros, que foi mal recebido pelos movimentos ligados à Saúde. Depois, o PP topou apadrinhar a indicação de Cultait. Ele resistiu. Na manhã dessa terça-feira, ele voltou a informar ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira, que não aceitaria o convite. Pouco antes do almoço, voltou atrás. Temer vibrou com a decisão.

O PP será contemplado com a Agricultura, com a escolha de um nome que agrade ao agronegócio. Não será difícil. O PP tem vários nomes com esse perfil. Para a Integração Nacional, o PSB emplacou o deputado Fernando Bezerra Coelho Filho, que vai chefiar a pasta que, no Governo Dilma Rousseff, foi comandada por seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho. Não deixa de ser uma singular renovação na velha oligarquia dos Coelhos, que, há muitas décadas, dá as cartas na região de Petrolina, no sertão pernambucano, e sempre foi um celeiro de caciques na política nacional.

Com  a ida do PP para a Agricultura, o bispo Marcos Pereira, presidente do PRB, vetado pelo agronegócio, foi surpreendentemente contemplado com a Ciência e Tecnologia. Dificilmente dará samba um quadro da cúpula Igreja Universal em seu relacionamento com a comunidade científica do país. Tem tudo para dar errado. Quem almejava a Ciência e Tecnologia era o PPS, com afinidade com  o setor, mas que acabou se contentando com a escolha de seu presidente, o deputado Roberto Freire, para a Cultura.

Com a equipe econômica, Henrique Meirelles à frente, e o chamado núcleo duro do Palácio do Planalto fechados (Eliseu Padilha, Geddel Vieira e Moreira Franco, sem status ministerial), com a ajuda de Romero Jucá, Geddel foi escalado por Temer para encaixar as últimas peças partidárias. Além do Itamaraty (senador José Serra) e das Cidades (deputado Bruno Araújo), os tucanos devem apadrinhar também o futuro ministro da Justiça. Gilberto Kassab, presidente do PSD, fez de um tudo para continuar a frente da Cidades, uma pasta de grande potencial eleitoral. Kassab deverá receber uma boa recompensa: o Ministério das Comunicações.

Deputado Mendonça Filho (DEM/PE). Brasília, 05/04/2016 - Foto Orlando Brito
Deputado Mendonça Filho, foto Orlando Brito

O Ministério do Trabalho deve ficar mesmo com o Solidariedade. A escolha estava ontem entre dois deputados federais pouco conhecidos — Augusto Coutinho (PE) e José Silva (MG)-,  mas bastante leais ao deputado Paulinho da Força, presidente do partido. O PTB também terá seu ministério. “Até amanhã batemos o martelo”, prevê o deputado Benito da Gama. Um dos cotados é o deputado Jovair Arantes, relator na Câmara do processo de impeachment.  O PSC, outro partido que votou em peso a favor do impeachment, também terá seu quinhão. O PV trabalha para que seu líder, Sarney Filho, volte ao comando do Ministério do Meio Ambiente.

Deputado Fernando Bezerra Filho, foto Orlando Brito
Deputado Fernando Bezerra Filho, foto Orlando Brito

Por sua vez, auxiliares de Temer dão como certo que o PR continuará com o Ministério dos Transportes. Um dos cotados é o deputado Maurício Quintella, que deixou a liderança do partido para comandar uma forte dissidência em favor do impeachment. O DEM esteve cotado para uma de duas pastas – Minas e Energia e Educação. O PMDB diz que Minas e Energia está na sua cota. A tentativa do entorno de Michel Temer de convencer o DEM a bancar um notável especialista em políticas educacionais não deu certo. “Não existe essa hipótese”, diz o líder do partido na Câmara, Pauderney Avelino. Portanto, continuam no páreo os deputados Mendonça Filho (PE) e José Carlos Aleluia (BA). Até agora, o Ministério da Defesa está sendo tratado como cota pessoal de Temer. Eliseu Padilha chegou a sondar o ex-ministro Nelson Jobim, que não topou, e sugeriu o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). O problema é dar dois ministérios a uma bancada pequena como a do PPS. Vale sempre uma ressalva, quando se trata de montar governo ou reforma ministerial, nem sempre o que parece de pé sobrevive às pressões de todos os lados.

JUcá e Geddel - Foto Igo Estrela/ObritoNews.
Jucá e Geddel – Foto Igo Estrela/ObritoNews.

 

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