A impressão aparente é de um estouro da manada: centenas de parlamentares investigados ou em via de virarem alvos na Operação Lava Jato estariam cobrando de seus líderes a aprovação da anistia ao Caixa 2.
Quem acompanha esse jogo de perto diz que não é bem assim. A pressão maior é em sentido contrário. São justamente as cúpulas do PMDB, PT, PSDB, PP, PRB e por aí afora que mais se empenham em favor da tal anistia. A explicação é simples: grande parte do dinheiro sujo que bancou campanhas eleitorais foi intermediado pelas direções partidárias.
Mesmo assim, ninguém ouve sequer um suspiro dos presidentes desses partidos. Só para conferirem em relação aos partidos citados, seus presidentes são os senadores Aécio Neves (PSDB), Romero Jucá (PMDB) e Ciro Nogueira (PP), o ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB) e o ex-deputado Rui Falcão (PT).
Uma proposta que faz sucesso entre os deputados é a de anistia para quem recebeu dos partidos o dinheiro com origem em Caixa 2 das empresas. Segundo eles, o fato de não terem negociado diretamente com os operadores lhes assegura o benefício da dúvida. Com compungida ingenuidade, dizem que não teriam como avaliar se o dinheiro era limpo ou sujo.
Relator do pacote de medidas contra a corrupção, apresentado pelo Ministério Público com o aval de quase três milhões de assinaturas, o deputado Onyx Lorenzoni até agora não topou incluir a medida em seu parecer. “Querem calar a boca de investigadores, punir juízes. Tô fora desse jogo”, diz Lorenzoni.
Mesmo assim, continua pressionado. O pretexto usado foi seu recuo na extensão a juízes e promotores da legislação sobre crime de responsabilidade. PP e PRB já trocaram representantes na comissão. Lonrezoni busca um acordo para que a comissão não rache na votação de seu parecer.
Caso consigam que a anistia aos políticos seja aprovada, os políticos pretendem encontrar uma brecha para também livrar os partidos de punição penal. Querem ainda alguma medida que alivie as empresas que usaram seu Caixa 2 para financiamento de campanha eleitorais, o que inclui mudanças nos acordos de leniência.
Quem sempre se beneficiou de impunidade, busca de novo a impunidade. Nem que seja só para o passado.