Como é público e notório, o ex-presidente Lula sempre gostou de uma boa pinguinha. Foi justamente em seu governo que o Brasil reivindicou que, a exemplo da tequila mexicana, a cachaça fosse mundialmente reconhecida como produto de origem brasileira.
Isso ocorreu em 2008. Tudo parecia certo quando os argentinos, invocando uma cláusula do Mercosul, vetaram a pretensão brasileira com a alegação de que, em algum lugar no norte da Argentina, também se produz cachaça.
De lá para cá, a questão foi debatida em 17 reuniões bilaterais, sem nenhuma solução. Quem agora ressuscitou o tema foi o Secretário Internacional do Ministério da Agricultura, Odilson Silva, que é mineiro, estado que, sem dúvida alguma, produz as melhores pingas no país.
Os argentinos, por sua vez, não se conformam que o Brasil restrinja a importação de suas laranjas, com o argumento de que elas poderão trazer alguma doença e prejudicar nossa própria produção, mas não adota o mesmo critério com as frutas uruguaias.
Há 10 dias, em Buenos Aires, houve um encontro entre os ministros da Agricultura do Brasil e da Argentina. O argentino voltou a pedir o fim da restrição para a exportação de suas laranjas. Blairo Maggi fez uma contraproposta:
— O Brasil pode até rever a proibição de compra das laranjas argentinas, mas vocês vão ter de liberar a cachaça.
Surpreso, o ministro portenho disse nunca ter ouvido falar em cachaça argentina.
Isso ainda acaba em caipirinha. Me incluo entre os que preferem degustar uma boa cachaça pura.