Em seus históricos e gloriosos tempos, o Senado foi sempre uma casa legislativa que se impôs. Pelo bem e até pelo mal. Há muitos exemplos, inclusive no auge da ditadura militar, que o Senado surpreendeu por sua centenária cultura de independência. Floresceram ali vozes, como a de Teotônio Vilela, Daniel Krieger e de outros filiados ao partido alinhado ao regime militar.
Em sua história moderna, algumas vezes o Senado foi ao fundo do poço e conseguiu emergir. Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, protagonistas de um grande embate em que ambos tinham conta a pagar, renunciaram aos mandatos, e depois voltaram eleitos pelo povo. José Sarney, mestre da turma toda, ACM, Jader e Renan Calheiros, com todas as falhas já julgadas pela história, tiveram o mérito de não abrir mão da independência do Senado. Pelo menos na aparência.
Como esculhamba tudo em que se mete, Bolsonaro já fez bagunça no Senado. Começou aderindo à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o nome que o atual presidente Davi Alcolumbre tirou da cartola. Não colou. O MDB, maior bancada no Senado, que tradicionalmente tem a primazia na indicação, pediu passagem. Bolsonaro piscou errado.
Nessa quinta-feira (17), em um um discurso para se despir do compromisso com Alcolumbre, Bolsonaro disse, em uma solenidade no Palácio do Planalto, que não iria interferir nas eleições no Congresso ao elogiar o “trio maravilhoso”, seus ” três mosqueteiros” — os senadores Eduardo Braga, Eduardo Gomes e Fernando Bezerra. Além do carimbo palaciano que ajuda e atrapalha, o que mais pegou mal foi essa dupla aposta. Num colegiado tão pequeno, essa suposta esperteza tem tudo para dar errado.
A conferir.