No jogo parlamentar, a regra é de que a maioria sempre vence. Exceções célebres como a votação das Diretas, Já, em 1984, só adiaram o resultado do embate.
Governos se impõem no Congresso por sua capacidade de construir maiorias. Michel Temer, com a troca de titulares na Comissão de Justiça, parece ter virado o jogo ali. Por ser artificial, pode ser uma vitória de Pirro.
Pelos mesmos métodos, não há como reproduzi-la no plenário. Dizem os governistas uma agonia a cada dia. Têm razão. Mas nesse processo inédito na República, a contabilidade também é única.
Vamos a ela.
A leitura geral é de que se Temer conseguir por voto, abstenção ou ausência, que 172 dos 513 deputados não aprovem a admissibilidade de um processo contra ele, liquida a fatura.
A questão não é esse resultado final. É como chegar lá. Se não tiver o apoio da maioria (257 deputados), nem adianta pressionar Rodrigo Maia. Se o fechamento de questão pelo PMDB e partidos do Centrão for obedecido pode facilitar a vida de Temer.
As regras desse jogo inédito em que o STF no plantão da ministra Cármen Lúcia não pretende meter o bedelho – e até a sua velocidade – vão depender de quem tiver mais votos em plenário.
A votação, por exemplo, só vale com um quórum altamente qualificado. São 342 deputados. Isso prejudica a estratégia de estimular ausências e pode facilitar eventuais obstruções. É, sem dúvida, um complicador para a pressa de Temer.
O seu desafio é maior do que parece. Mas, se ele esticar a corda, vai expor também os múltiplos jogos nas oposições. Há os que querem confronto, já, até para clarear o jogo. “Essa é a nossa estratégia, porque se não derruba na primeira, cai na segunda ou na terceira”, aposta o socialista Júlio Delgado.
No campo das oposições, o PSB conta com alguns aliados como a Rede. Mas eles são minoritários nas oposições.
O que se ouve nos bastidores na Câmara é que o PT e seus satélites, como o PC do B, diferente do discurso público de todos eles, preferem deixar Temer sangrando até 2018.
A conferir.