As pegadinhas de Lewandowski para driblar a Justiça e ajudar Lula

Ministro Ricardo Lewandowski. Foto Orlando Brito

Os juízes nomeados por Lula e Dilma Rousseff são os principais responsáveis por decisões e jurisprudências que, pela primeira vez, levaram as elites políticas, econômicas e burocráticas ao banco dos réus.

O fato de os próprios padrinhos — Lula e Dilma, por exemplo — terem caído nas chamadas garras da Justiça é um atenuante para a história de cada um deles. Mas nem sempre é assim.

Ricardo Lewandowski, desde a sua estreia no Mensalão, quando foi flagrado falando bobagem, continua pisando na bola, sem nenhum receio de parecer ridículo. Foi assim que ele bancou, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal, a pedalada na Constituição inventada por Renan Calheiros, para assegurar direitos políticos a Dilma Rousseff, mesmo depois deles  terem sido explicitamente cassados por seu impeachment.

Plenário da Segunda Turma do Supremo

Lewandowski não parece nem aí para esse tipo de questão. Embora não assuma, ele tem lado. Acha injusta a prisão de Lula e quer tirá-lo da cadeia. Em seus despachos monocráticos como ministro, em seus votos na Segunda Turma e no Plenário, ele busca brechas para atender esse propósito. Mesmo quando não as encontra, não se incomoda em forçar a barra.

Nos últimos dias, pediu vistas em votações líquidas e certas no plenário virtual do STF em uma boba tentativa de criar constrangimento para o presidente Dias Toffoli, ligadíssimo a Lula, que havia marcado a decisão para o ano que vem. Pegou mal entre os pares.

Ministro Dias Toffoli. foto Orlando Brito

Lewandowski fingiu que não entendeu o recado. Vestiu-se com a toga de defensor da liberdade de imprensa para liberar Lula a dar entrevista para a Folha de São Paulo. Até aí tudo bem. Não tem porque ninguém, em qualquer circunstância, não possa ser entrevistado. O problema é que essa autorização bateu de frente com restrições impostas pelo TSE, em decisão que impediu Lula de ser candidato.

O que deveria ser decidido, por algum colegiado no Supremo, é a validade da resolução do TSE. Pode ter exorbitado, indo além das próprias tamancas. Mas usar essa “defesa” da liberdade de imprensa como guarda-chuva para o propósito de abrir espaço para Lula na reta final da campanha eleitoral foi mais uma esperteza de Lewandowski.

A peteca caiu na mão de Luiz Fux, que a segurou. Instado pelos petistas, Lewandowaki engrossou o discurso e anulou a decisão de Fux. Forçou Dias Tofolli, seu suposto aliado, a pôr ordem na casa e manter, até uma decisão colegiada, o freio de Fux.

Simples assim.

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