Renan Calheiros quer continuar na ribalta. Seu propósito é, a partir de fevereiro, continuar trabalhando no único gabinete vizinho à Presidência do Senado, o da Liderança do PMDB.
Mais do que mudar seu percurso por apenas alguns metros, ele planeja continuar dando as cartas no Senado. Ele entende que, ao encarar obstáculos de todos os naipes, adquiriu resistência suficiente para continuar na linha de frente, nadando contra uma maré muito desfavorável.
Essa opção, no entanto, é tida como arriscada até por alguns dos mais chegados parceiros de Renan.
Renan virou um dos principais alvos das manifestações de rua e continua na mira do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal, que o manteve no cargo, mas engoliu, a contragosto, sua recusa de receber a intimação feita pelo próprio STF.
Um desacato explícito que pôs o poder da Justiça em xeque. Quem conhece de perto o jogo entre os poderes em Brasília aposta que haverá troco.
Colegas experientes de Renan avaliam que, nesse contexto complicado, ele deveria ser mais cauteloso. Trocar o holofote pela discrição. Seguir o exemplo de José Sarney e mergulhar.
Atravessar a tempestade que tende a ficar mais forte sem se expor, como uma eminência parda.
Isso significa sair do páreo pela Liderança do PMDB no Senado e indicar algum aliado para o cargo. Tem até colegas à espreita. Um deles é o senador Raimundo Lira (PB), que ganhou pontos pela conduta como presidente da Comissão de Impeachment de Dilma Rousseff no Senado.
Lira tem pedido apoio a senadores do PMDB, sempre com a ressalva de que não pretende disputar com Renan.
A dúvida é se Renan, com sua notória vaidade, vai acatar o conselho de experientes aliados e se conformar em atuar apenas nos bastidores. A conferir.