Agronegócio veta escolha de bispo para a Agricultura

Em regimes democráticos, a chance de um governante acertar 100% do que planejou para sua equipe de governo deve ser parecida com quem aposta e ganha no sorteio da Mega-Sena. Até políticos tidos como geniais nesse jogo, Tancredo Neves, por exemplo, se viram forçados a trocar peças no desenho final do quebra-cabeças. Nunca ouvi falar de presidentes, de governadores e nem de prefeitos que conseguiram escalar seu time ideal. Quase todos tiveram legitimidade dos votos e tempo para isso. Michel Temer não tem nenhum dos dois. Vai assumir sem aquele clássico período de lua de mel. Com um agravante, não pode errar.

O agronegócio apoia em peso, com exceção da ministra Kátia Abreu, o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Seus líderes não tinham a menor dúvida de que um representante do setor seria escolhido para substituir Kátia no Ministério da Agricultura. Mas, souberam que o vice-presidente Michel Temer teria assumido o compromisso de indicar para o cargo o advogado e bispo Marcos Pereira, presidente do PRB, partido ligado à Igreja Universal que fechou questão pela saída de Dilma.

Pois bem. Hoje, em duas audiências, Temer vai sentir a reação dos aliados da área rural. Às 15h30, ele recebe os integrantes da fortíssima Frente Parlamentar da Agricultura. Uma hora depois, a conversa será com a diretoria da Confederação Nacional da Agricultura, que também deu apoio ao impeachment. Os dois grupos vão levar propostas e reivindicações da Agricultura e, também, cobrar a escolha de um ministro identificado com o setor. A indicação de Marcos Pereira foi recebida com indignação e ironia. “A gente só precisa de um bispo se for pra rezar para que chova”, reagiu um dos mais importantes líderes do agronegócio no país, que participará de um das duas reuniões com Temer.

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