Agressões verbais dificultam voto útil em Ciro Gomes

Ciro Gomes nas ruas. Também deu entrevistas em rádios de São Paulo e gravou para seu programa do horário leitoral do TSE. Foto Leo Canabarro

Desde a campanha presidencial de 1998, ouço no entorno do candidato Ciro Gomes a necessidade de conter suas bravatas e algumas reações tidas como exageradas. Em 2002, quando ele se mostrou com bom potencial competitivo, suas pisadas de bola em entrevistas, que o derrubaram nas intenções de voto viraram um clássico do que candidatos não devem fazer.

Ciro 2018 já entrou na campanha se dizendo mais maduro, preparado para não cometer os mesmos erros do passado, ensaiando uma versão paz e amor. Durou pouco. Ele já se meteu em entreveros, bateu algumas bocas desnecessárias, teve alguns acessos de raiva. Quando cobrado, sempre alega não ter sangue de barata. E promete se controlar mais.

Pois bem. Pelo andar da carruagem, as chances de Ciro de chegar ao segundo turno passam por algum voto útil de quem planejava votar em outros candidatos mas se assusta com a perspectiva de um confronto na reta final entre Jair Bolsonaro e o petista Fernando Haddad.

No imbróglio que o chamado centro se meteu com Geraldo Alckmin empacado e seus outros candidatos sem conseguir decolar, Ciro Gomes voltou a ser cogitado pela turma. Ele que, desde antes do início da campanha, namorou o Centrão, poderia ter gostado da prosa.

Fernando Henrique Cardoso, com seu hábito de pontificar nos embates políticos, pregou em carta para marcar posição uma aliança da turma de centro, não se sabe se extensivo a Ciro, como uma alternativa ao duelo entre Haddad e Bolsonaro no segundo turno.

Alckmin, meio que se sentou rifado, mas não cometeu o erro de passar recibo. Ciro respondeu com pedras, chamou Fernando Henrique de cínico, encantador de serpentes, como se fosse uma armação contra ele. Fez essas declarações depois de pedir benção no Santuário Nacional de Aparecida, um espaço de paz. No final do dia, em Goiânia, chamou Bolsonaro de “nazista filho da puta”.

Esse tipo de xingamento pode até agradar a sua militância, mas assusta os que, em nome de combate a radicalismos, buscam uma alternativa mais moderada.

Mais uma vez, a natureza de Ciro Gomes pode ser um obstáculo a seu projeto eleitoral.

A conferir.

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