Parlamentar de primeiro mandato, Rogério Rosso parece um veterano na Câmara dos Deputados. Ele é candidatíssimo à vaga aberta com a renúncia de Eduardo Cunha, mas faz o velho jogo do faz de conta, diz que outros mais experientes têm preferência, quando cruza com um adversário sopra que, se não entrar no páreo, pode apoiá-lo, e por aí vai.
Abençoado por Eduardo Cunha, apoiado pelo Centrão, e estimulado por uma banda do Palácio do Planalto, Rosso entra no páreo como o favorito. Sem maiores referências em seu passado, passou a ser visto como o sujeito que vai salvar o mandato de Eduardo Cunha. Pura balela. Ainda mais para quem vislumbra voos maiores em sua carreira política.
O tiro que ameaça Rosso seria suas ligações com o delegado Durval Barbosa, operador de corrupção em Brasília e delator na Operação Caixa de Pandora, que derrubou o governador José Roberto Arruda, e seu vice, Paulo Octávio Pereira, fez um estrago na Câmara Distrital, e atingiu até a chefia do Ministério Público do Distrito Federal.
O que, de fato, existe sobre isso: no fim de junho, Francinei Arruda ( o sobrenome é mera coincidência) contou em um depoimento na 7a Vara Criminal que passou por suas mãos, além dos vídeos já divulgados, cenas de entrega de dinheiro para Rogério Rosso e outros de seus aliados como o atual vice-governador de Brasília, Renato Santana.
Quem é Francinei Arruda? Era o cara encarregado de recolher e guardar em lugar seguro os vídeos gravados por Durval Barbosa. Durval confiava plenamente nele, que se mostrava um servidor obediente, evangélico exemplar, mas considerado sonso por outros parceiros dessa empreitada.
Se tem alguém que pode ter visto cenas que Durval não quis expor ao distinto público é Francinei. Ele agora diz ter assistido a entregas de dinheiro inéditas, antes por ele negadas. Os promotores de Brasília desconfiam que, ao desqualificar a delação premiada de Durval Barbosa, Francinei joga um boia de salvação para Arruda, Paulo Octávio…
A turma que ajudou Durval na Caixa de Pandora nega que exista qualquer indício ou prova contra Rogério Rosso. Na ótica deles, quem está por trás de Francinei são os que respondem a processos por causa da Operação Caixa de Pandora, insuflados pelos que não querem te-lo como concorrente em futuras eleições majoritárias.
Mas há algo mais nesse imbroglio. No plano regional, nunca ficou clara a indicação de Rogério Rosso para a presidência da Codeplan, um feudo de Durval Barbosa no reinado de Joaquim Roriz e herdeiros. No plano nacional, há quem identifique digitais de fogo amigo, inclusive de quem tem trânsito livre no Palácio do Planalto. Aí, não é o passado e o futuro quem batem à porta. Mas o presente, a escolha do sucessor de Eduardo Cunha semana que vem.