Na terça-feira (27) Aécio parecia ter recebido uma boa notícia. Uma pesquisa eleitoral o apontava na dianteira da embolada disputa pelas duas vagas ao Senado por Minas Gerais.
Se o agradou, o resultado (cerca de 27% das intenções de voto) foi recebido com desdém pelos mais destacados tucanos mineiros, em outros tempos seus mais aguerridos defensores.
Em conversa informal com alguns deles, constatei que Aécio virou um estorvo. Sua principal contribuição será não atrapalhar a candidatura de Antonio Anastasia a governador, tida como tábua de salvação do PSDB mineiro e de um melhor desempenho do presidenciável Geraldo Alckmin no estado.
Sua candidatura ao Senado, por exemplo, se tornaria vidraça para as pedras dos adversários de Anastasia e Alckmin.
— A candidatura do Anastasia destrava o jogo em Minas. Ele viajou para o exterior e nós, com muito calma, começamos a costurar uma ampla aliança para apoiá-lo. Teremos também um chapão para eleger uma grande bancada – aposta o deputado Domingos Sávio, presidente do PSDB mineiro.
Todos dizem que, em Minas, o bastão tucano agora está com Anastasia.
A avaliação é que a gravação da conversa de Aécio com Joesley Batista, em que pede R$ 2 milhões, e os vídeos da entrega do dinheiro em maletas são
mortais em uma campanha eleitoral.
Perguntei ao deputado Marcus Pestana, outra estrela tucana em Minas, se, diante do bom desempenho na pesquisa, Aécio poderia ser candidato ao Senado. “Vamos esperar junho”, desconversou.
A pesquisa que mostrou a liderança de Aécio é do Instituto Paraná, o mesmo que, em outubro do ano passado, apurou que quem estava à frente nessa mesma corrida era Dilma Rousseff.
Ainda assim, ela continuou sendo tratada como um estorvo pelo PT de Minas e de outros estados em que se insinuou como possível candidata. Aliás, depois que os gaúchos e os cariocas a descartaram, a cúpula petista chegou a anunciar a avaliação da candidatura Dilma ao Senado em Minas, Tocantins, Maranhão e Piauí.
Puro jogo de cena. A hipótese, que já não existia, foi simplesmente esquecida.
As guinadas na política às vezes são impressionantes. Menos de 4 anos atrás, no segundo turno da eleição presidencial, Aécio e Dilma juntos receberam mais de 105 milhões de voto, uma invejável proeza planetária.
Hoje, a começar pelos partidos deles, ninguém aposta um centavo na viabilidade eleitoral de ambos. Aécio ainda tenta manter suspense se vai ou não concorrer nas eleições. Quem sabe tentar uma vaguinha na Câmara dos Deputados, para manter o cobiçado foro privilegiado. Dilma já é carta fora do baralho.