Até aliados de Renan Calheiros estão assustados com seu destempero verbal e a falta de compostura, agravados após a derrota na disputa pela presidência do Senado. Mas o que os preocupa mais é a perda, temporária ou não, de sua capacidade de avaliação política. Renan oscila. Nessa ciclotimia, há momentos de ilusões de que – sem caneta e nem condições objetivas de manter seu feudo em Alagoas sem ajuda federal – possa liderar uma oposição tendo o PT como tropa de choque. “Você pode até tirar de cena o velho Renan, mas não matá-lo”, proclama em seu exercício de psicologia política barata sobre os dois Renans que coexistem em si. Quando põe os pés no chão, avalia que vem aí nova ofensiva da Lava Jato, aflora o medo: ir fazer companhia na cadeia com outros caciques políticos condenados por corrupção.
A turma que destronou o grupo, liderado por José Sarney, Jader Barbalho e Renan, que há décadas dava as cartas no Senado, continua na ofensiva. O presidente Davi Alcolumbre apresentou uma lista de vetos de quem no MDB estaria barrado na nova classe dirigente do Senado: Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Maranhão, Fernando Bezerra e Eduardo Braga. Dos 7 que apoiaram Renan na bancada, ficaram de fora Eduardo Gomes e Marcelo Castro. “Fui eleito com o apoio do PSL e sou a favor de reformas propostas pelo governo”, me disse Eduardo Gomes. “Outros senadores do partido estão em situação parecida”. Bezerra e Maranhão também devem ser excluídos da tal lista. O outsider Jarbas Vasconcelos não entra nas contas de nenhum dos lados.
Eduardo Braga é um caso à parte: continua fiel a Renan, mas vai conversar com o ministro Onix Lorenzoni, abrindo um canal com o Planalto. Jader Barbalho quer manter a mesma postura discreta, sem cargos na linha de frente, que marca a sua atuação desde sua volta ao Senado. É uma forma de se preservar nesses tempos em que caciques políticos envolvidos em escândalos estão na mira dos investigadores. Ele e José Sarney ( sem mandato) tiveram intensa atuação nos bastidores, dando respaldo ao desempenho de Renan na ribalta. Pode ser que, com o fracasso de Renan, Jader tenha que se expor um pouco mais. Mas sua prioridade é não criar embaraços para a gestão de seu filho Helder Barbalho no governo do Pará.
Renan ainda parece sonhar com o comando da estratégica Comissão de Constituição e Justiça. Pura ilusão. São múltiplos os veto a Renan: Palácio do Planalto, Davi Alcolumbre e os principais articuladores de sua derrota no Senado – em especial os senadores Tasso Jereissati e Simone Tebet, pessoalmente ofendidos pelo destrambelhado Renan.
A ordem é isolar Renan no Senado, inclusive no PMDB.
A conferir.