A diplomação de Jair Bolsonaro como presidente da República não só cumpre mais um capítulo do rito democrático, como afasta algumas previsões sombrias e mesmo receios apocalípticos de que o Brasil estaria vivendo os últimos dias de democracia. Ainda mais se levado em conta o tom dos discursos do presidente eleito, bem como da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber.
Em tempos em que ministros do Supremo Tribunal Federal se sentem no direito de decretar, fora dos tribunais, a prisão de críticos do sistema judiciário, Bolsonaro e Rosa Weber conseguiram mostrar que há espaço para todo tipo de opinião numa democracia, desde que o texto constitucional seja cumprido.
Bolsonaro foi mais uma vez fiel às suas promessas de campanha, que lhe garantiram uma vitória com mais de 57 milhões de votos. Mas desta vez pediu a boa vontade daqueles que rejeitaram seu nome, prometendo fazer um governo para todos os 210 milhões de brasileiros. Independentemente de cor, credo, sexo ou opinião. Visivelmente emocionado, disse encarar o desafio que terá pela frente como uma missão e tentou empunhar uma espécie de bandeira branca, após uma eleição tão turbulenta.
E coube justamente a uma mulher, no cargo de presidente do TSE, lembrar Bolsonaro sobre as responsabilidades de um governante, destacando que “a democracia é também exercício constante de diálogo e de tolerância, de mútua compreensão das diferenças, sopesamento pacífico de ideias distintas, até mesmo antagônicas, sem que a vontade da maioria, cuja legitimidade não se contesta, busque suprimir ou abafar a opinião dos grupos minoritários, muito menos tolher ou comprometer os direitos constitucionalmente assegurados”.
Rosa Weber finalizou reiterando as palavras do presidente logo após sua vitória nas urnas, em sua primeira visita ao TSE, na qual declarou que a Constituição seria o seu norte. Que assim seja! É democracia que segue sua rota.