O PT e o PSDB, dois partidos de vocação social-democrata, nasceram durante o processo de retomada da democracia como sopros de renovação da política brasileira. Assim foram reconhecidos e por mais de 20 anos governaram o país. Da mesma forma que foram gestados durante um ciclo histórico, desabaram, também, em um efeito dominó, no cenário de corrupção e de financiamento clandestino de campanhas eleitorais desvendados a partir da Operação Lava Jato.
O tombo foi grande. Mesmo assim, os dois partidos mantêm uma relevância na distribuição do poder país afora. Têm bancadas importantes na Câmara e no Senado e controle em estados de peso. O PT continua forte no Nordeste e os tucanos em São Paulo e no Sul do país.
Mesmo assim enfrentam seguidos tropeços. Nessa terça-feira (21), outra operação da Polícia Federal, poucas semanas após a anterior, teve como alvo o senador José Serra — um tucano de alta plumagem que foi governador de São Paulo, prefeito de São Paulo, três vezes ministro de Estado, duas vezes candidato pelo PSDB à Presidência da República. Desta vez, ele está sendo investigado pela acusação de, na campanha de 2014, ter recebido R$ 5 milhões por baixo do pano de um grande grupo empresarial, através de empresas laranjas, na qual se elegeu para o mandato no Senado que exerce hoje.
Na seara tucana, a ofensiva das investigações sobre Serra sucedem apurações sobre o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que também foi por duas vezes candidato à Presidência da República, e ao atual deputado federal Aécio Neves — ex-governador de Minas Gerais que também concorreu ao Palácio do Planalto. Todos eles tiveram a mesma reação. Negaram com veemência participação em qualquer malfeito. Até Aécio Neves, flagrado em gravações pedindo dinheiro, diz que foi uma armação.
Vários ex-governadores tucanos chegaram a seu presos. Também juram de pés juntos que são inocentes, vítimas de adversários. Mesmo quando acuados por evidências de que receberam montanhas de dinheiro ilegal para enriquecimento ilícito e campanhas eleitorais continuam posando de vestais. São os casos, por exemplo, do próprio Aécio Neves, Beto Richa, Marconi Perillo e outros.
Os tucanos sempre cobraram do PT uma autocrítica sobre os envolvimentos de suas principais estrelas — Lula, José Dirceu, Antônio Palocci, entre muitos outros — pelo envolvimento nos mega escândalos do Mensalão e Lava Jato. A cúpula do PT segue até hoje mantendo sua postura de avestruz, os bilhões recuperados pelas investigações conduzidas pelo juiz Sérgio Moro nada significam. Tudo indica que essa postura, mesmo diante do encolhimento do partido, não vai mudar. Por um simples motivo: Lula não deixa. Os tucanos criticam, mas agem igual.
Desde o escândalo envolvendo o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, na época presidente nacional do PSDB, em pleno Mensalão do PT em meados da década de 90 do século passado. que os tucanos censuram os adversários e passam a mão na cabeça de suas estrelas envolvidas em rolo. Décadas depois, o partido continua com mesma postura dúbia nas recentes operações contra Alckmin e José Serra.
Enquanto não se acertam internamente, a tendência é que continuem a pagar um alto preço externo. Igualzinho ao PT.
A conferir.