Quem podia imaginar que o descontraído passeio de bike da presidente Dilma Rousseff na luminosa e plácida manhã de doze meses atrás viesse a se transformar na atmosfera tão opaca, pesada e grave de agora? O clima anteriormente de tranquilidade é hoje de grande desânimo, muita mágoa e pura melancolia.
Daquela serena quinta-feira — 30 de julho de 2015 — para cá, muita coisa aconteceu na vida de Dilma e, consequentemente, na história do Brasil. A Câmara Federal, presidida pelo deputado Eduardo Cunha, acolheu processo de impeachment de seu governo. E o Senado, em 12 de maio, numa sessão que varou a madrugada, determinou seu afastamento temporário do comando da Nação. Em sua cadeira no Planalto está hoje o vice Michel Temer, com nova equipe ministerial.
Seu principal aliado, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o ex-senador Delcídio do Amaral, que foi líder do PT, viraram réus por um juiz de Brasília, que acolheu denúncia do Ministério Público Federal, acusados de obstrução da justiça. Os dois e outros cinco nomes também são parte do mesmo processo porque participaram de um esquema para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás, preso pela Operação Lava Jato.
Dilma continua residindo no Palácio da Alvorada, enquanto aguarda o julgamento definitivo do impeachment dela no Congresso, previsto para os dia 23 de agosto próximo. Mesmo seus amigos e alguns aliados consideram parcas as chances de a senhora Rousseff reassumir seu mandato. Tanto que a maior parte de sua mudança já foi transportada para sua casa, em Porto Alegre.
Às vésperas da festa de abertura dos primeiros Jogos Olímpicos realizados no Brasil, a presidente afastada confirmou sua ausência no evento. Disse em entrevista a uma rádio do interior de Minas que não participará de maneira coadjuvante de um evento de tamanha envergadura e cuja decisão de acontecer no Rio se deu no finalzinho do período de Lula na presidência e a sequência do projeto em seu governo.
Orlando Brito