São mínimas, a esta altura, as chances de o ex-presidente Lula ser levado à prisão preventiva ou temporária pelos investigadores da Lava Jato – ainda que se veja, claramente, um recrudescimento das ações e acusações contra ele nos últimos dias. Mas tanto juízes como procuradores se sentem desencorajados a tomar tal atitude depois da forte reação provocada pela condução coercitiva do ex-presidente há meses. As últimas pesquisas, nas quais Lula mostrou surpreendente resiliência e um apoio de mais de 20% dos eleitores, só confirmam esses receios.
A estratégia dos acusadores de Lula agora é outra. Querem julgá-lo, condená-lo e torná-lo inelegível antes das eleições de 2018. Se vão conseguir, aí são outros quinhentos.
A denúncia mais avançada que existe hoje contra Lula é a do Ministério Público do DF, por tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró e atrapalhar as investigações da Lava Jato. Mas ela ainda não foi aceita pela Justiça e seu julgamento poderá levar algum tempo, sobretudo até chegar à segunda instância, tornar o ex-presidente inelegível e condená-lo, quem sabe, a cumprir pena preso.
A turma de Curitiba, liderada por Sérgio Moro, tem sido muito rápida para julgar e condenar. Mas o que se diz é que, no caso de Lula, precisam ter provas cabais e inequívocas da principal acusação que pretendem formular contra ele: a de ser o comandante do esquema de desvios na Petrobras. Até agora, elementos como o sítio de Atibaia, a cobertura do Guarujá e os guardados de objetos que ele ganhou quando presidente seriam insuficientes para tal condenação, embora possam servir para outras acusações menores.
O fato é que, em algum momento, Lula será condenado e, possivelmente, terá contra ele um pedido de prisão , ainda que de poucos anos e atenuado por medidas alternativas de cumprimento da pena. O que resta saber é se ele será confirmado em outras instâncias de recurso a tempo de tirar o ex-presidente do páreo de 2018.
Apenas uma coisa é certa: nunca antes neste país um sujeito desarmado provocou tanto medo.