“Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano acabaria empatado”. Essa famosa tirada é atribuída ao lendário Neném Prancha e a João Saldanha, que, entre outros talentos, também foi um célebre frasista. Além de gênios da música, da literatura, e da brasilidade, a Bahia também é o berço de craques do marketing político no país — Nizan Guanaes exibiu seu belo jogo de cintura nas vitoriosas campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso, Duda Mendonça deu show na concepção e execução do enredo de “Lulinha, paz e amor”, e João Santana se tornou bem maior que o seu ego ao ressuscitar Lula do Mensalão e eleger e reeleger Dilma Rousseff.
A Bahia era sucesso antes mesmo das naus e caravelas sob o comando de Pedro Álvares Cabral aportarem lá. Não foi uma descoberta, e, sim, uma estreia. Ali, se plantando, tudo dá. Boa música, literatura e cinema à parte, coronéis políticos, belos terreiros, marqueteiros fora de série e grandes empreiteiras. É aí que a Bahia volta a ser protagonista na política brasileira.
Na Operação Lava Jato, três empresas criadas na Bahia estão no centro do mega escândalo da Petrobras. Como diria o baiano Raul Seixas, em uma avaliação otimista, a Odebrecht, a OAS e a UTC são o começo, o meio e o fim dessa roubalheira.
Se a política brasileira desabou, qual o estrago na Bahia? O mundo lá, às vezes, gira diferente, como o país acompanhou nos tempos em que Antônio Carlos Magalhães ali se fez imperador. Como sempre, todos se consideram imunes, até porque entendem que o pau que bate em Chico, bate em Francisco. Há algum tempo o ex-ministro Jaques Wagner está na berlinda. Nos últimos dias, entrou na roda o ministro Geddel Vieira Lima, responsável pela articulação política do governo Michel Temer.
O que isso vai impactar nas eleições municipais? “Nada. Ninguém se elegeu na Bahia sem o apoio das empreiteiras. Ninguém tem condições de apontar o dedo para ninguém. Esse é um assunto que ficará fora da campanha”, afirma o deputado Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel. A conferir.