Afinal, a ascensão de Rodrigo Maia ajuda ou enfraquece Renan Calheiros?

Calheiros entre Temer e Maia.

Pode-se avaliar o senador Renan Calheiros, pelo bem ou pelo mal, de várias maneiras. Uma delas revela unanimidade: ele é um dos mais talentosos políticos de sua geração. Também é um sobrevivente, onde outros caíram, conseguiu se equilibrar a ponto de se tornar especialista em transformar limão em limonada. Agora, outras raposas da política se perguntam: Renan ganha ou perde com a eleição do deputado Rodrigo Maia para a Presidência da Câmara?

Como sempre, Renan reagiu rápido. “Não fico tão satisfeito com uma eleição na Câmara desde que Aldo Rebelo foi eleito em 2005. Com a vitória de Rodrigo Maia, espero uma grande parceria entre as duas Casas”, cravou. Claro que, por esse ângulo, Renan está certo. A relação dele com Eduardo Cunha foi de puro confronto. Depois, com o tal Waldir Maranhão, ficou simplesmente impossível.

Mas, em política sempre tem um porém, há tempos Renan vem tirando proveito da acefalia na Câmara. Para o poderoso grupo Globo, Eduardo Cunha sempre encarnou o mal, esse foi um dos motivos para Renan virar interlocutor privilegiado de João Roberto Marinho. Com um veto desse tamanho, o seletíssimo time que representa o Pibão do país, banqueiros à frente, cacifou Renan.

Com essas cartas na mão, mesmo com a Operação Lava Jato em seus calcanhares, até agora Renan conseguiu surfar em mares revoltos. Mas perdeu a exclusividade do diálogo com banqueiros porque Rodrigo Maia é um dos políticos mais identificados com o mercado financeiro.

Renan também nadava de braçada, com seu inegável talento de trapezista, na tumultuada relação entre o presidente interino Michel Temer e a presidente afastada Dilma Rousseff. Temer e Renan sempre cultivaram desconfianças mútuas. Temer teve, digamos, meio que esconder Eduardo Cunha. Agora, tem um presidente da Câmara que pode abertamente chamar de seu. Renan que se cuide.

Evidente que antes da votação do impeachment, o tapete nos Palácios do Planalto e do Jaburu sempre serão vermelhos para Renan. Depois da saída definitiva de Dilma, ele ainda pode se dar bem construindo uma agenda comum entre o governo e o comando das duas casas do Congresso. No parlamento, ele quase sempre se deu bem.

A dúvida é de como ficará sua situação na Justiça depois do impeachment. Eduardo Cunha mal comemorou o afastamento de Dilma e foi expulso do jogo pelo Supremo Tribunal Federal. O Ministério Público quer repetir a proeza com Renan. A conferir.

 

 

 

 

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