Uma conversa entre o presidente interino Michel Temer e os presidentes do PSDB, Aécio Neves, e do DEM, José Agripino, ontem à noite, num jantar, mudou o rumo das articulações para a eleição do novo presidente da Câmara. A candidatura surpresa do ex-ministro Marcelo Castro pelo PMDB, com o apoio do PT, aglutinou forças que estavam dispersas na base governista, como a ex-oposição e o próprio Planalto, que agora têm um adversário comum a derrotar.
O resultado dessa conversa deve ser o fortalecimento da candidatura Rodrigo Maia (DEM), em detrimento da do centrista Rogério Rosso, que era o preferido do governo por ser o capaz de pacificar Eduardo Cunha e seus aliados. O cenário ideal para o Planalto ainda é um segundo turno disputado pelos dois. Mas a hipótese é improvável e, se tiverem que rifar alguém, deve ser Rosso.
O Planalto já percebeu que a polarização entre um defensor de Cunha (Rosso) e um não defensor (Castro) no segundo turno pode levar o governo à derrota no plenário. Já a disputa Maia x Castro terá um caráter de governo x oposição petista, pois o deputado do DEM, apoiado pelo PSDB, também defende a cassação de Cunha. Trata-se, portanto, de um terreno mais seguro para o governo.
Qual o risco dessa armação? Sim, ele mesmo. O walking dead Eduardo Cunha, sem apoio do novo presidente da Câmara, verá irem por água abaixo seus planos de adiar sua cassação e pode resolver explodir o quarteirão com todo mundo dentro, inclusive Temer.