Acima e além da eleição para presidente da Câmara, a decisão da bancada do PMDB de lançar candidato oficial e, mais ainda, de escolher o ex-ministro Marcelo Castro, que votou contra o impeachment, é um aviso ao navegante Michel Temer. Aviso de quê?
Em primeiro lugar, de que a vida do presidente Michel Temer, mesmo depois de confirmado, não será tão fácil assim no Congresso. O fato de Michel ser um experiente parlamentar e, sobretudo, de ter sido colocado no Planalto pelo parlamento, deixou em todos a convicção de que ele terá maioria fácil para aprovar tudo o que quiser. Pode não ser bem assim. Mudou o presidente, mas o Legislativo continua o mesmo, bem como o PMDB e seus aliados.
A surpreendente decisão da bancada peemedebista de hoje expressou insatisfações diversas e mostrou, acima de tudo, que o partido do presidente interino continua o mesmo: eternamente dividido, sempre cobrando mais e mais do executivo. No momento, uma de suas reclamações é o excesso de atenção e de espaço – cargos, inclusive – que o Planalto vem dedicando ao chamado Centrão, linha auxiliar de Eduardo Cunha.
O PMDB não gostou de ver o governo, ainda que nos bastidores, trabalhando a favor da candidatura de Rogerio Rosso, o nome preferido de Cunha, e resolveu embaralhar tudo. Difícilmente Castro vencerá a eleição, mas o cenário da eleição, para o Planalto, passou de cômodo a preocupante.