Tarso veta salto triplo carpado de Lula

O então presidente Lula e o ex-minisro Tarso Genro no Palácio do Planalto, em setembro de 2007 - Foto Orlando Brito

Em tempos de Olimpíadas, o jogo político não para de surpreender. O troféu é a Presidência da Câmara, vaga aberta por Eduardo Cunha ter sido flagrado pelo duplo dopping de mentira e corrupção. Virou um problema para quem achava não ter concorrência e uma oportunidade para os sem cacife para vencer a disputa.

No que Eduardo Cunha e o Palácio do Planalto vislumbraram uma solução, a política girou em sentido contrário. A opção meio óbvia, que aparentemente deu certo, na escolha do deputado André Moura como líder do governo não era uma fórmula mágica.  O Centrão é forte, tem votos, mas nem é tão unido, nem dispõe de discurso, para uma batalha dessa envergadura, acompanhada de perto pela sociedade.

A escolha do deputado Rogério Rosso (PSD-DF) pode ter sido um achado. O problema é o carimbo das paternidades. Virou  cara de um acordão. Seu principal concorrente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se tornou alternativa de um samba do crioulo doido.

Se tudo que está sendo costurado der certo, PT e PSDB, esperanças fracassadas de um entendimento saudável para o país, vão ser protagonistas de mais uma lambança. Não basta derrotar Eduardo Cunha e sua tropa com um candidato afinado com Cunha e até hoje integrante de sua tropa. Como escreveu aqui Tales Faria, de um jeito ou do outro, Cunha sai vitorioso.

Seria o réquiem de Eduardo Cunha. Carta fora de baralho, ele finge que ainda está no jogo e é usado por todos os que tentam se cacifar na partida.  Mas, nessa aparente bagunça, o mais interessante é quem tenta pegar carona com os mais diversos propósitos.

Com o suposto objetivo de derrotar o governo Michel Temer, a antiga base de Dilma Rousseff namora a candidatura de Rodrigo Maia (Dem-RJ), linha de frente na luta pelo impeachment. Ouvi de políticos dessa antiga base a avaliação de que é uma boa oportunidade para rachar a base de Temer. Podem até ter razão. Só não esqueçam do sogro Moreira Franco.

Mas o que mais chama atenção é o conflito interno no PT. Pelo que se fala nos bastidores da Câmara, o ex-presidente Lula deu o aval para essa aliança com Rodrigo Maia. Mesmo depois de fracassos retumbantes, Lula mantem a postura de atribuir seus erros a outros. Ele ainda não entendeu, mas seu papel de cacique mor no partido está em disputa. No domingo (10), o ex-governador Tarso Genro, em uma carta aberta dirigida nas redes sociais a deputados do PT que ainda têm alguma relevância, meteu o dedo na ferida.

Em meio ao discurso de que há um golpe parlamentar, dever de casa, Tarso Genro deu recados importantes se credenciando como uma alternativa pós-Lula. A eles: 1)- “O PT e boa parte da esquerda no País enfrentam uma crise de identidade política e moral que nos tem abalado fortemente”; 2) – “Essa crise não foi inventada pela mídia nem pelos procuradores”; 3) – “É preferível ter poucos votos com uma chapa republicana, a declarar apoio  a Rodrigo Maia e seus companheiros de de ideais”; 4) – ” Essa é um opção de sombra escura”.

 

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