O que leva Jair Bolsonaro a se cercar de militares em seu núcleo duro de governo? A opção pela tecnocracia e pelo profissionalismo, em detrimento da chamada “ala ideológica”, pode ser vista por alguns como positiva. Mas não é bem assim. A preocupação presidencial por trás desse movimento parece ser outra.
Ao militarizar o Planalto, Bolsonaro não busca eficiência — e nem talvez a alegada austeridade nos hábitos e práticas do poder. Busca força. Quer mostrar que teria respaldo militar em toda e qualquer situação — mesmo que isso não seja verdade. E tenta aplacar insatisfações latentes entre forças da ativa.
É bom notar que os dois últimos integrantes da tropa palaciana são da ativa, os generais Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), ex-comandantes de batalhões do Exército. Ou seja, ainda têm a força e o comando, diferentemente de Augusto Heleno (GSI) e outros que lá passaram, como Santos Cruz e Floriano Peixoto., já na reserva.
Essas escolhas, coincidentemente as mais recentes, mostram, acima de tudo, a intenção presidencial de manter — ou conquistar — apoio mais firme das altas patentes das Forças Armadas. A notícia que se tem, nos bastidores, é que o alto comando militar e oficiais graduados estariam decepcionado e irritados com os rumos do governo Bolsonaro e com a forma como ele vem tratando os próprios militares no governo, com demissões constrangedoras.
Diferentemente dos cabos e soldados, as altas patentes militares não apoiaram a candidatura do ex-capitão desde o início da campanha, e só o fizeram um pouco adiante, quando seu candidato preferido, Geraldo Alckmin, não decolou e viram o risco de retorno do PT ao poder. Agora, muitos estariam percebendo a fria em que se meteram e um sentimento de certo arrependimento estaria se espalhando entre estrelados.
A missão dos novos palacianos é ajudar a conter essas insatisfações.