A versão soprada pelo Palácio do Planalto de que a demissão de Onix Lorenzoni da Casa Civil é um forte sinal de que o presidente Jair Bolsonaro não quer se meter nas eleições municipais é uma mal contada história da carochinha. Há vários motivos para a queda de Onix, nenhum deles sobre sua influência eleitoral, limitada até no Rio Grande do Sul. O principal é que, em momento algum, ele conseguiu ser artilheiro do canhão que é a Casa Civil da Presidência da República.
Mesmo com os correligionários Davi Alcolumbre, que ajudou a eleger presidente do Senado, e Rodrigo Maia dando as cartas no Congresso, Onyx foi perdendo espaço político a cada mexida palaciana. Mostrou até uma certa falta de interesse na disputa política no dia a dia.
Sai do Planalto como o último político com cargo relevante no palácio. Isso significa que Bolsonaro quer cuidar mais da administração do que da política? Pelo contrário, todas as peças do jogo de Bolsonaro têm como meta a sua reeleição em 2022. A criação do partido Aliança pelo Brasil, mesmo que não participe das eleições este ano, é uma dessas apostas. Blindar o Palácio do Planalto de escândalos de corrupção é outra.
Quem olha de fora aponta logo para a Secretaria de Comunicação, onde pipocam lambanças de Fabio Wajngarten. Dentro do palácio a maior preocupação virou a desenvoltura de auxilares de Onix Lorenzoni em questões controversas. A saída de Onix é a cereja na sequência de queda de assessores de sua confiança. Com ou sem prêmio de consolação, como suceder o aliado Omar Terra no Ministério da Cidadania, também na berlinda por causa de contratos na área de tecnologia.
A ida do general Walter Braga Netto para a Casa Civil do Planalto fecha uma porteira e consolida um movimento na disputa interna no governo. Pela ótica de Bolsonaro, o general Walter Braga é a garantia de que não haverá escândalo em sua Casa Civil. A questão é se o mesmo critério será aplicado em outros ministérios, como o Turismo chefiado pelo encrencado Marcelo Álvaro Antônio.
O movimento é agregar ao governo um general da ativa, chefe do Estado Maior do Exército, que passou incólume como interventor na segurança pública do Rio de Janeiro, fortalece os laços com o Exército. É nisso que Bolsonaro parece apostar para retomar a parceria da campanha e da transição com os militares, abalada quando seus filhos embarcaram nas aventuras propostas pelo ideólogo Olavo de Carvalho, hoje em baixa no governo. Por mais besteiras que façam o próprio Bolsonaro e seu entorno, invencíveis em asneiras, é nessa base militar que Bolsonaro parece confiar para se sustentar no poder. Sem maiores sobressaltos.
A conferir.