Poucas coisas excitam mais os políticos do que votos. Se o apoio de eleitores, enganados ou não, é fonte de satisfação, imagine o prazer de ganhar uma disputa entre todos os que saíram vitoriosos nessa batalha pelo voto popular. Essa modalidade de disputa, ignorada pela população, foi uma das maiores fontes de crise no parlamento sempre que a gente viveu em democracia.
Célebres disputas como a guerra no Senado entre Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho são hoje históricas. Mesmo que eles nunca tenham batido chapa entre si, sempre por interpostos, o propulsor dessa crise em especial foi a troca de parceiros por Fernando Henrique Cardoso. Mas todos os governos, por mais que finjam, não conseguem ficar neutros nas disputas pelos comandos da Câmara e do Senado.
Na versão oficial, o Palácio do Planalto, agora, não vai se meter na escolha do sucessor de Eduardo Cunha. A justificativa está na ponta da língua de todos: Dilma Rousseff começou a cair quando pôs o bedelho na eleição da Presidência da Câmara. Fez a aposta errada contra Eduardo Cunha, pagou caro.
Alguém acredita que o Palácio do Planalto, onde têm gabinetes os ex-deputados Michel Temer, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco, aficionados há décadas desse jogo de poder na Câmara, agora estaria alheio?
De acordo com os deputados, o único ministro palaciano não engajado é Eliseu Padilha. Moreira Franco, com sua reconhecida capacidade de intriga, mais do que ajudando o seu genro, o deputado Rodrigo Maia, estaria atrapalhando os seus adversários. Inclusive Rogério Rosso, candidato de Eduardo Cunha, do ministro Geddel Vieira Lima e supostamente de Michel Temer.