Tem quase uma semana que turistas e cariocas são tratados como otários nas redes sociais e correm atrás de caros vasilhames de água mineral que minguam nos mercados. Para todo e qualquer contribuinte, a água é cara no Rio de Janeiro. Por qualquer critério de custo e benefício, a Cedae deveria fornecer água de boa qualidade. No mínimo, deveria atestar com um mínimo de confiança se a água que fornece – e pela qual cobra caro — é ou não perigosa para quem paga para consumí-la.
Desde quinta-feira da semana passada, supostos comunicados da Cedae, apesar de mostras canhestras de que são fake news, vêem espalhando terror sobre a segurança dos filtros tradicionais e estimulando uma corrida a águas minerais engarrafadas. Apesar das evidências de falsidade, sumiram as garrafas a partir de 1,5 litro das prateleiras dos mercados cariocas.
Durante todos esses dias, nenhuma voz com um mínimo de autoridade esclareceu coisa alguma sobre o que tava acontecendo. Técnicos da Cedae atribuíam à substância geosmina, produzida por algas, a mudança na cor e no paladar da água, sem nenhum risco à saúde dos consumidores. Diziam que, além de não ser perigosa, causaram mal cheiro apenas em Campo Grande e Santa Cruz, bairros bem distantes da Zona Sul e de outras localidades onde moradores também reclamaram.
Nessa terça-feira (13), uma gravação com uma suposta mulher de um biólogo da Fiocruz advertia sobre os riscos da água consumida no Rio. Bombou nas redes sociais. A Fiocruz teve de divulgar um desmentido. Informou que não fez nenhuma análise sobre água fornecida pela Cedae.
Os dias passaram. A água mineral sumiu dos mercados — subiu de preço entre os atravessadores — e só na tarde dessa terça-feira a ficha parece ter caído para o governador Wilson Witzel. Ele finalmente se manifestou pelo Twitter: “São inadmissíveis os transtornos que a população vem sofrendo por causa do problema da água fornecida pela Cedae. Determinei apuração rigorosa tanto da qualidade da água quanto dos processos de gestão da companhia”.
Quer dizer, a água fornecida aos cariocas, que pagam uma das mais caras contas no país, continua na berlinda. Pior: até as alternativas mais caras estão em falta.
O que fazer? Esperar a “apuração rigorosa” do governo sobre a qualidade de uma água que vende caro sem saber se é boa para o consumo humano?
Assim é.