O Brasil poderá ter seu primeiro partido religioso desde que o mundo político nacional se organizou, em 1840, nos tempos de liberais e conservadores. A mobilização para a formação do Aliança pelo Brasil tende a se ampliar para a consolidação de uma organização forte e coesa, em torno dos princípios morais do fundamentalismo cristão.
Evangélicos à frente, junto com tendências do catolicismo e de segmentos conservadores da sociedade civil poderão se manter mobilizados depois que a campanha de coleta de assinaturas se acabar. Isto ainda não é um plano, mas uma possibilidade real que está sendo analisada pelos cientistas políticos que observam esta cena.
Já houve uma agremiação nessa linha. Na década de 1950 se organizou e durou até a extinção pelo AI-2, em 1965, o Partido Democrata Cristão, que fazia parte de um movimento mundial.
O PDC foi a alternativa democrática para a reorganização política dos países do Eixo – Alemanha e Itália. Com isto, espalhou-se pelo ocidente conquistando, inclusive, a presidência da República no Chile.
Entretanto, além do nome, os PDCs eram partidos laicos que, de religioso, tinham apenas bandeiras de moderado antagonismo ao comunismo dito ateu. Seus programas ideológicos de ocupação do estado eram convencionais, com propostas políticas, econômicas e sociais que se limitavam ao campo do proselitismo eleitoral. Os PDCs não tinham bandeiras morais.
No Brasil, onde contou com figuras de ponta como Jânio Quadros, depois presidente da República, e André Franco Montoro, governador e senador, e, no Rio Grande do Sul, em 1962, com a Juventude Democrata Cristã, ligada à antiga JUC católica (que depois gerou o movimento trotskista Ação Popular), elegeu o deputado Nelson Marchezan, que foi presidente da Câmara dos Deputados.
O PDC filiava-se ao movimento de anticomunismo moderado do pós-guerra, com fortes bases na Alemanha, Itália e Chile.
A rearticulação da legenda depois da redemocratização foi liderada pelo deputado federal José Maria Eymael, em 1985. Mais tarde, fundiu-se com outras legendas de pequeno porte, constituindo o atual PPR.
No Império, a Igreja Católica era oficial, ou seja, a religião do estado, não do governo. Com isto, o clero era remunerado pelo erário, como se fossem os padres e bispos funcionários públicos.
É diferente do partido religioso. Religião oficial de estado ainda é comum no mundo, principalmente nos países muçulmanos, mas também em muitas monarquias avançadas, como no Japão, onde o imperador é deus, ou na Inglaterra, onde a rainha é a chefe da Igreja Anglicana. No Brasil, com a República, implantou-se um estado laico, ainda em vigor.