Três fantasmas assustam os políticos nesse ano eleitoral. Um é o estrago que até outubro ainda pode causar a Operação Lava e outras investigações da Polícia Federal. Outro é o desgaste que os escândalos quase diários geram na imagem dos políticos em geral na opinião pública. O terceiro, considerado igualmente preocupante, é como financiar as candidaturas municipais sem correr sérios riscos de serem flagrados em crimes eleitorais.
Como está proibido o financiamento empresarial, os grandes contribuintes de Caixa 2 estão na cadeia ou tentando escapar de punição, a expectativa geral é de que o dinheiro certamente será bem mais curto nas eleições municipais. Marqueteiros e políticos acreditam que, mesmo assim, muitos vão apostar no Caixa 2 torcendo para não serem flagrados. https://osdivergentes.com.br/andrei-meireles/eleicoes-serao-nova-frente-de-batalha-entre-politicos-e-justica/.
Com as restrições impostas pela Justiça, a única alternativa legal para complementar o financiamento pessoas físicas é o Fundo Partidário. Daí a disputa acirrada por fatias desse bolo que este ano dobrou de tamanho e chegou a R$ 819 milhões.
A questão é como repartir esse dinheiro com candidatos a prefeito e vereador em milhares de municípios. No PMDB, por exemplo, a avaliação é de o dinheiro não dá para todo o mundo. “Temos que estabelecer prioridades, não dá para atender e nem agradar a todos”, afirma o ex-deputado Ibsen Pinheiro, presidente do PMDB gaúcho, que nessa quarta-feira (6) conversou sobre formas de distribuição do fundo com o senador Romero Jucá, presidente nacional do partido.
Para Romero Jucá, por falta de dinheiro, a eleição municipal pode ser um desastre. Para se ter um ideia do tamanho da encrenca, Ibsen Pinheiro quer repartir o dinheiro em seu Estado para os candidatos de seu partido que vão disputar como cabeça de chapa, com boa viabilidade eleitoral, em municípios de maior peso. Nos demais casos, especialmente nos que o PMDB entrar com o vice, o candidato a prefeito de outros partidos deve buscar o dinheiro de seus fundos partidários. “Porto Alegre deve ser nossa prioridade. Quem deve cuidar da arrecadação em Pelotas são os tucanos; em Caxias, o PDT”.
Quer dizer, na grande maioria dos municípios gaúchos a direção do partido lava as mãos em relação à arrecadação de dinheiro para a campanha. Vai ter chiadeira. Essa realidade se repete país afora em praticamente todos os partidos.