O Planalto tem se mantido à distância da discussão porque o assunto é uma bola dividida, mas o governo, nos bastidores, apóia a aprovação do projeto que legaliza os jogos de azar, que será votado hoje pelo Senado. Na verdade, a articulação para liberar o jogo no país é bem maior e está muito mais avançada do que se imagina.
Aliados do governo que vêm tratando do assunto na surdina já foram procurados por grandes grupos hoteleiros internacionais interessados em implantar no Brasil resorts com cassinos – modalidade prevista pelo projeto em discussão. Pelos cálculos dos defensores do projeto, isso pode representar uma arrecadação de R$ 15 bilhões ano para a União.
O problema do governo, porém, é combinar com os russos – que são muitos. E é por isso que o governo não saiu ainda na defesa aberta do projeto. Michel Temer não quer, por enquanto, comprar briga com setores como o Ministério Público, que é radicalmente contra a legalização dos jogos por considerá-los um instrumento importante dos esquemas de lavagem de dinheiro oriundo da corrupção e do tráfico. Há também problemas com a bancada evangélica.
Nesse sentido, a volta à cena do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em nova operação da Polícia Federal na semana passada, não traz muita sorte ao destino dos jogos de azar.