O fiasco da pule de dez de Lula e Renan

Ex-presidente Lula

A história do Brasil e alhures mostra que, proibidos ou não, os chamados jogos de azar sempre apostaram em políticos. Desde João Batista Viana Drumond, o Barão de Drumond, o jogo do bicho, pelo bem ou pelo mal, fez parte do cotidiano — em algumas cidades, como o Rio de Janeiro, os apontadores do jogo do bicho ainda fazem parte da paisagem.

Esse, digamos, é um aspecto até meio cultural. Esconde e dá um certo charme à banda que realmente fatura onde a bandidagem atua sem limites na disputa por máquinas de apostas e contratos com os governos. O jogo até deu “sorte” para alguns bandidos, como o ex-deputado João Alves, aquele que ficou milionário “ganhando” grandes prêmios na loteria.

Até loterias viciadas surpreendem. Em fevereiro de 2004, o então poderoso capitão do time de Lula, José Dirceu, em uma segunda-feira entregou a mensagem presidencial ao Congresso com a previsão de liberar bingos e outros jogos. Só que, na sexta anterior a ida de José Dirceu ao Congresso, a revista Época revelou o que se chamou Caso Waldomiro Diniz, primeiro grande escândalo do governo Lula — estreia nacional do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Ficaram tão atabalhoados que esqueceram de rever as concessões que estavam fazendo para Cachoeira e outros parceiros da jogatina. Isso resultou na CPI dos Bingos, também chamada de CPI do Fim do Mundo porque apostou em todos os lados — o escândalo do caseiro que derrubou Antonio Palocci, os dólares de Cuba que teriam financiado o PT, o assassinato do prefeito Celso Daniel…

Renan Calheiros, presidente do Senado.
Renan Calheiros, presidente do Senado.

Nesta quinta-feira (30), o senador Renan Calheiros, presidente do Congresso, anunciou que antes do dia 13 de julho vai por em votação projeto que legaliza os jogos de azar. Por uma dessas coincidências que tornam singular a política brasileira, a Polícia Federal prendeu de novo Carlinhos Cachoeira.

Mais uma vez, os procuradores da República nem precisam nadar contra a corrente dominante na Câmara e no Senado para combater uma alternativa de fazer caixa que entendem como uma avenida para a lavagem de dinheiro. Sempre tem um providencial Cachoeira no caminho.

 

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