O festival de trapalhadas de Bolsonaro

Os vexames do presidente em suas manobras políticas, com grampos e assinaturas fraudadas, e no tuíte que causou embaraço após encontros não explicados com ministros do STF

O presidente Bolsonaro e o delegado Waldir - foto Orlando Brito

Certas cautelas são necessárias para um competente exercício do poder. O presidente Jair Bolsonaro não deveria ter se envolvido de forma tão aberta na disputa pela liderança do seu partido na Câmara. Tendo se envolvido, deveria ter tomado o cuidado para que sua intromissão não fosse gravada e divulgada como um trunfo por seus adversários no PSL. Pior. Após ser grampeado e exposto seu papel de cabo eleitoral, sua turma que tinha como candidato seu filho, o pau para toda obra Eduardo Bolsonaro, perdeu a batalha. Teve ainda outro vexame: o time de Bolsonaro apresentou à Mesa da Câmara assinaturas de deputados para derrubar o líder Delegado Waldir e algumas delas foram rejeitadas na checagem  sobre sua autenticidade pelos técnicos da Câmara.

O delegado Waldir também foi grampeado em um reunião com seu grupo na qual ameaça “implodir o presidente”, a quem chama de “vagabundo”. De acordo com o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), um ex-PM, que assumiu a autoria desse novo grampo, sua ida a reunião como infiltrado no grupo adversário teria sido combinada no palácio com o próprio Bolsonaro. Que depois, bastante irritado, também foi o primeiro a ouvi-la.

Dias Toffoli e Bolsonaro – Foto Orlando Brito

A sucessão de trapalhadas não acabou aí.  Primeiro, ficaram sem qualquer explicação as conversas reservadas de Jair Bolsonaro com os ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, exatamente na véspera do início de mais um julgamento pelo tribunal da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. Ficou ainda mais esquisito  quando, durante a sessão do STF, Jair Bolsonaro publicou um tuíte a favor da manutenção da prisão em segunda instância. Pouco tempo depois, seu filho Carlos Bolsonaro assumiu a autoria do tuíte do pai e pediu desculpas, ampliando a estranheza generalizada com a conduta presidencial.

Afinal, o que Bolsonaro conversou nas duas reuniões com os ministros do STF? Qual é a sua posição na controvertida questão que volta a ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal?

A família Bolsonaro continua insuperável na produção de gafes e trapalhadas políticas.

Os próximos capítulos prometem.

Vale conferir.

 

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