Jair Bolsonaro enfrentou o plenário do mundo, a Assembléia Geral das Nações Unidas, do único jeito que ele sabe: com extrema agressividade, batendo para não levar, atacando para não ter que encarar os diversos temas com a serenidade e a seriedade que eles exigem.
De Venezuela e Cuba aos governos de seus antecessores, passando pelas ONGs e pela mídia, todos apanharam perante uma assistência internacional perplexa que, ao final, ouviu passagem da Bíblia.
A Amazônia não é patrimônio da humanidade nem pulmão do planeta, decretou o presidente brasileiro, esbravejando contra as minorias. E a ideologização está levando aos lares e à célula-mater da sociedade, a família, questões indevidas como as de gênero. Sim, foi isso mesmo que todo mundo ouviu.
O que se pergunta agora é quais serão as consequências internas externas do novo capítulo da novela, “Bolsonaro contra o mundo”. Certamente irão além das brincadeiras sobre o presidente biruta do Brasil. Investidores costumam ficar desconfiados de países governados por líderes assim, é um provável desdobramento será mais um passo rumo ao isolamento internacional do Brasil.
E internamente? Bolsonaro usou-a tribuna da ONU como palanque para, mais uma vez, falar com seus eleitores. Mesmo assim, pode não ter sucesso. A grande maioria dos que votaram nele não é adepta das grosserias, e sabe distinguir um discurso de estadista de uma fala de palanque.
Acima de tudo, Bolsonaro falou para seus seguidores mais fiéis – aqueles que hoje, segundo o Datafolha, não passam de 12% do eleitorado.