Pelo calendário oficial, faltam exatos dois meses para a decisão final do Senado sobre o impeachment. Nitidamente, Michel Temer vem sobrevivendo aos tropeços iniciais e se fortalecendo políticamente com a aprovação de projetos importantes no Congresso e o apoio do PIB à sua equipe econômica. Dilma Rousseff e o PT terão que decidir esta semana se fazem alguma coisa e se vão esperar sentados que, até lá, caia um raio da Lava Jato na cabeça de Michel – ou não.
Dilma e a cúpula petista devem conversar nesta terça e tentar afinar o discurso em torno da proposta de plebiscito para convocar novas eleições. Lançada pela presidente afastada num movimento para atrair o apoio de senadores que estariam dispostos a rever seu voto a favor do impeachment, a proposta até agora caiu no vazio porque não foi adotada nem pelo PT e nem pelos movimentos sociais – única chance que haveria de colocá-la na rua para tentar conquistar corações e mentes.
No ritmo em que as coisas vão, sem um apoio explícito de Lula e pelo menos de uma parte significativa do PT e da esquerda, o destino de Dilma pode estar selado no plenário do Senado. Só que a presidente afastada – e os poucos que ainda lhe são leais – não desistiu. Na CUT, por exemplo, o plebiscito já começa a ser discutido.
Dois meses podem valer por dois anos, tal a velocidade que os fatos políticos vem tomando nos últimos tempos. Ou seja, tudo pode acontecer. Mas 60 dias também é um prazo curto para mobilizar a sociedade e as ruas de forma significativa em torno da necessidade de novas eleições. Se isso não for feito agora, tendência é de que nada aconteça.