Com a retomada de seguidas operações – algumas com base em informações há muito já divulgadas – a Lava Jato vem tentando mostrar que está viva e ativa. Alimentada pela exposição na mídia ao longo de toda a sua existência, continua usando os mesmos métodos: operações vistosas e vazamentos, de preferência envolvendo nomes de políticos conhecidos, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Com isso, espera chamar a atenção da opinião pública para tentar conter o desgaste dos quase 60 dias de divulgação das mensagens comprometedoras da Vaza Jato. Mas está ficando difícil.
São claros os arranhões na imagem de seus protagonistas depois de tudo o que foi divulgado pelo site The Intercept e outros veículos. A semana trouxe dois claros sintomas de que a Lava Jato está na defensiva, para não dizer na lona:
- A decisão da Segunda Turma do STF de anular a condenação do ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, pelo ex-juiz Sérgio Moro foi o mais duro golpe já sofrido pela Lava Jato na Suprema Corte do país. Se vai servir de precedente para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja solto em breve, não se sabe. Mas o principal destaque foi o voto da ministra Cármen Lúcia, do grupo “lavajatista”, que pela primeira vez votou contra o relator Edson Fachin, criando um inesperado placar de 3 x 1 na turma. Não foi necessário nem o voto do decano Celso de Mello, que estava adoentado e não compareceu. Ou seja, algo mudou ali.
- A procuradora da força tarefa da Lava Jato Jerusa Viecili foi ao twitter pedir desculpas pelas mensagens cruéis com comentários desrespeitosos sobre a morte de parentes de Lula. Com isso, deu mais um atestado de veracidade ao conteúdo que vem sendo questionado pelo Ministério Público e por Moro. Ninguém pede desculpas pelo que não disse.
Ainda que, nas pesquisas, cerca de 50% dos entrevistados afirmem continuar considerando que a Lava Jato é importante e trouxe benefícios ao país, vai ficando claro, na própria repercussão das novas operações, que a conjuntura mudou e acabou a temporada dos super-heróis.