O problema é que, como dizia o velho McLuhan, o meio é a mensagem. Tudo que vem da boca do Bolsonaro soa sujo, descabido, idiota e impróprio. E realmente é. Não tem a mínima postura de chefe de estado. Porém, o Macron tem invólucro bonitinho, mas atacou antes, chamando o Bolso de mentiroso.
Na verdade, o francês joga para o público interno: os produtores rurais da França, que defendem reserva de mercado e não querem a União Europeia com acordo comercial com o Mercosul: os ambientalistas, que não gostam dele, Macron; o povão que lhe derrubou a popularidade pós-eleitoral por causa da reforma da previdência.
Para ele, é providencial a crise. Está posando de bom moço às custas do nosso jumento. A França é um cruel país colonialista até hoje (Guiana, Martinica, Polinésia Francesa, Nova Caledônia etc.); que fazia testes nucleares devastadores em paraísos ecológicos até pouquíssimo tempo; que ameaçou declarar guerra ao Brasil para pescar lagostas em nossa costa há pouco mais de 50 anos.
Os franceses deram grande contribuição humanística, cultural, científica e intelectual ao Ocidente, mas também exemplos de crueldade e racismo. E o Macron também foi útil a Bolsonaro. Os militares, que andavam putos com o Bolso, voltaram a se alinhar a ele, contra o inimigo externo.