A opção do presidente Jair Bolsonaro de investir no confronto, seja com a imprensa, adversários políticos e até mesmo aliados, segue um modelo adotado por outros chefes de Estado pelo mundo. A começar pelo presidente americano Donald Trump, que usou tática semelhante durante todo o seu mandato e agora já se organiza para disputar a reeleição.
O Brasil, aliás, tem sido território fértil para o confronto desde os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, que durante 13 anos investiram na divisão dos brasileiros como forma de isolar aqueles que ousavam discordar de suas gestões. Foi assim que surgiram as primeiras batalhas entre coxinhas e mortadelas.
O problema é que essa guerra se acirrou ao longo dos últimos anos, levando uma parcela significativa dos brasileiros para dois extremos ideológicos. Pior, extremos muito parecidos no comportamento, que não se envergonham de defender o indefensável, tampouco de alimentar um discurso de ódio.
Enquanto esse ódio prevalecer na sociedade, ora estimulado pela esquerda, ora pela extrema direita, Bolsonaro seguirá muito à vontade para manter sua estratégia de governar confrontando todo aquele que discorde de sua gestão ou opinião. Enquanto a mídia foca nos confrontos do presidente, o fraco desempenho da economia brasileira segue em segundo plano no noticiário.
E ninguém se surpreenda, como muitos se surpreenderam no ano passado com a vitória do ‘Mito’, que Bolsonaro seja reeleito com 2022. Ainda mais se caminharmos para uma nova reedição da disputa entre os extremos da direita e esquerda.
Foi exatamente essa dicotomia que criou as condições para a vitória a Bolsonaro em 2018. Se na eleição passada, ele acabou levando vantagem com a facada que quase lhe tirou a vida, em 2020 terá a máquina federal nas mãos, o que quase sempre pesa numa disputa eleitoral.
Ainda que alguns nomes já despontem para a disputa presidencial de 2022, como o do governador de São Paulo, João Dória, e do apresentador de TV, Luciano Huck, que ensaiou um contraponto a Bolsonaro esta semana, o fato é que as forças de centro ainda buscam um líder para chamar de seu. Sem o qual, dificilmente se conseguirá unificar a parcela do eleitorado que preferiria ficar longe, bem longe mesmo, dos extremos.
Por enquanto, o Brasil segue dividido e sem conseguir enxergar uma luz no fim do túnel.