Uma moratória para os nervos da família Bolsonaro. A decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, enquadrando os órgãos de controle, dentre os quais o Coaf, dá uma trégua no clima de paranoia conspiratória que se instalava no entorno do presidente da República, no Palácio do Planalto. Nestas imediações, o clima de insegurança estava ficando insuportável.
Agora, os desconfiados têm até novembro para relaxar.
Há dias que nos bastidores se ouvem versões de conspirações para destituir o presidente, em cima de versões estapafúrdias invocando, como leitmotiv, ligações de familiares com milícias e, mais adiante, se colar, até mesmo com facções do crime organizado. Aliás, tais conexões só revelam ignorância do sistema marginal, uma conexão impensável, pois milícias e facções criminosas são inimigos figadais.
As fofocas, porém, como as calúnias, vão ganhando ares de credibilidade, crescendo nos ouvidos de assessores e amigos de Jair Bolsonaro. Tal pânico crescente bem pode, segundo observadores sensatos, evoluir para um clima perigoso e desestabilizador. A freada de arrumação do presidente do Supremo dá uma meia-trava nessa onda.
Avançando no terreno das fofocas, comenta-se que sobre essas formulações, constrói-se um cenário em que as forças antagônicas estariam a articular um impeachment, antes de se completarem dois anos de mandato, com o objetivo de produzir eleições diretas imediatamente. Ou seja: tampouco contam com o vice-presidente Hamilton Mourão como solução, pois, neste caso, assumindo para presidir a nova eleição, o sucessor natural seria inelegível.
Essa hipótese é realmente fantasiosa. No entanto, vem produzindo fatos. Alguma cabeças podem rolar. Como lembrou Andrei Meireles aqui n’Os Divergentes, citando Eça de Queirós: “As consequências vêm depois”. Essa história vai alimentar o dito do conselheiro Acácio.