Os líderes do Centrão na Câmara fecharam há pouco um acordo para dar regras mais brandas de aposentadoria a policiais federais, rodoviários, seguranças do Congresso e agentes penitenciários. Com isso, eles passam a ter idade mínima de aposentadoria de 53 anos (homens) e 52 anos (mulheres) e uma transição com pedágio de 100% sobre o tempo que falta para a aposentadoria. Os policiais são, até agora, a única categoria que conseguiu condições privilegiadas na reforma da Previdência que está sendo votada – talvez por terem um lobista poderoso, o presidente Jair Bolsonaro.
Essa mesma proposta, patrocinada por Bolsonaro, fora recusada pelos próprios policiais na semana passada. Entre isso ou nada, parecem ter concordado. É possível que, até o final da votação, passem à história como a segunda categoria mais privilegiada da reforma. A primeira é a dos militares, que nem entraram e estão tendo sua situação regulada em projeto à parte.
O problema da divulgação dessa concessão do Centrão aos policiais, porém, será seu efeito em plenário. Ainda que o governo – na verdade, Rodrigo Maia e o Centrão – venha, desde ontem derrotando todos os requerimentos de obstrução da oposição por uma margem razoável de mais de vinte votos, indicando que a reforma será aprovada, há risco de aprovação de benefícios para outras categorias.
Se houve exceção para os policiais, por que não para os professores? A oposição deverá apresentar um justo destaque para votação em separado restaurando as atuais condições de aposentadoria para os professores. De todos os que serão apresentados, é o que tem mais chances de emplacar nas horas e dias de votação que a Câmara ainda terá pela frente. Parlamentares e juristas dizem que todos são iguais perante a lei, mas parece que não é bem assim. Quem sabe os deputados não resolvem mostrar que os policiais não são mais iguais do que os professores?