No artigo anterior Reforma Política à Direita, escrevi que a nova direita colocou em pauta uma reforma política, que será ensaiada nas manifestações do próximo domingo (30 de maio). É provável que o carro-chefe seja a proposta de candidaturas avulsas, que tende a ganhar repercussão positiva dado o desgaste do sistema político. Isso modelaria um regime em que redes sociais e a capacidade de ser um influencer substituiriam os partidos e a imprensa clássica. Assim, ironicamente, Bolsonaro repetiria Che com seus 10, 100 Vietnãs: 1, 1 milhão de outsiders.
Mas esta não será a única arma da nova direita nas mudanças políticas que pretende implementar para semear sua restauração cultural conservadora. O jornal O Globo dessa quarta-feira informa que o PSL cresceu 18 vezes mais que média dos demais partidos. Ganhou 4.352 filiados por mês desde as eleições de 2018, somando um total de 30.464 novas filiações.
O ex-nanico se embala na aglutinação da direita ideológica, representada pelo olavismo hegemônico no governo: conservadora nos costumes, punitivista no Direito e liberal na economia. Sim, é o guru que catalisa este crescimento e não a esperança de cargos e recursos ou acesso ao poder. Esta, inclusive, é a razão pela qual o PSL não se transformou – pelo menos ainda – numa força gravitacional na janela partidária.
Com candidaturas avulsas, preservado o direito ao autofinanciamento, a nova direita crescerá tanto na ponta tradicional, como renovação do establishment político e poder constituído, quanto na alternativa, implodindo o centro tradicional. A ida do deputado Eduardo Bolsonaro para a presidência do PSL paulista sinaliza a estruturação de uma poderosa máquina de moer a velha ordem no coração econômico do Brasil.