Em nenhum momento da Lava Jato a sensação de que o establishment político foi atingido com um todo foi tão forte como agora. A delação de Sérgio Machado ampliou o rol de acusados a todos os principais partidos e agentes do sistema político e parece ter levado a sangria a um ponto irreversível, não mais estancável.
Temos agora o PMDB, o PSDB e o DEM tão implicados como o PT, o PP e o PR nas denúncias que começaram com o Petrolão e chegam agora a mares nunca dantes navegados. Os graus de citação e, portanto, de possível envolvimento dos personagens, são diversos, mas as manchetes dos noticiários igualam Lula, Dilma, Temer, Aécio e outros na mesma categoria: acusados. E as aguardadas delações da Odebrecht e da OAS ainda nem saíram…
O que acontece quando todos os protagonistas caem na frigideira ao mesmo tempo e o sistema político vira carvão? A história mostra que há duas possibilidades claras, que vão depender sobretudo da pressão da sociedade:
1. Crescem os movimentos para “zerar tudo” e começar de novo. No caso atual, onde não se vislumbram saídas fora da democracia e das instituições, saem fortalecidas as propostas de realização de novas eleições, plebiscito e, sobretudo, de convocação de uma Constituinte exclusiva para aprovar a reforma política. Isso só ocorrerá, porém, dentro de um amplo acordo com apoio da sociedade e das principais forças políticas – e não como uma jogada individual de um partido ou personagem do jogo para ganhar espaço, como ocorre no momento com a defesa de Dilma do plebiscito.
2. A outra alternativa é aquela sempre preferida pelas elites e oligarquias, que se reúnem em torno de uma mesa e fazem um grande acordão em que se salvam todos – ou quase todos, porque algumas cabeças (adivinhem quais) terão que ser entregues para dar a impressão de que o sistema está sendo saneado.
É por isso que, nas últimas horas, ao lado de expressões como plebiscito, eleições, constituinte, temos ouvido alguns sinônimos de anistia ampla, geral e irrestrita. É aí que mora o perigo.