A seleção brasileira de futebol feminino estreou com uma vitória de 3 a 0 contra as jamaicanas. Mas nós, brasileiras, ganhamos muito mais do que um jogo. Conquistamos mais uma vez espaço num território até pouco tempo dominado por homens. Não só dentro de campo, mas também fora dele. Na TV, jornais, marketing, jornalismo esportivo e redes sociais. Ou seja, um mundo de oportunidades para profissionais das mais diversas áreas.
Me dei conta ao assistir ao jogo entre a seleção brasileira e a da Jamaica neste domingo. Fui então pesquisar os nomes das caras novas na cobertura dos jogos do Brasil feita, majoritariamente, por mulheres. Elas também começaram a aparecer entre os comentaristas dos jogos, até então um clube do Bolinha, onde mulher simplesmente não entrava.
A TV Globo, por exemplo, que está transmitindo a competição feminina pela primeira vez até que tentou fechar uma equipe 100% de mulheres para os jogos da Seleção. Mas acabou tendo de manter os narradores masculinos da Casa, após a apresentadora do SporTV, Glenda Kozlowski, ter recusado o convite para narrar as partidas da seleção brasileira.
Galvão Bueno, narrador principal dos maiores eventos esportivos transmitidos pela emissora, foi escalado então para a estreia do Brasil na Copa do Mundo Feminina. Um sinal do novo prestígio das jogadoras femininas. Ao seu lado, em vez de dois comentaristas homens, como costumava acontecer, estão Caio Ribeiro e Ana Thais Matos.
Está claro que uma porta se abriu definitivamente para as mulheres em um território antes predominantemente masculino, com o futebol de campo. Um espaço que começou a ser desbravado, a duras penas, pela principal estrela e camisa 10 da seleção brasileira: a jogadora Marta Vieira da Silva, dona de 6 Bolas de Ouro como melhor jogadora do mundo. Título nunca alcançado por qualquer jogador masculino.
Até os 14 anos de idade, Marta costumava jogar com homens por falta de times femininos. Hoje, aos 33 anos e no seu quinto mundial, ela espera conquistar um título ainda inédito para o futebol feminino brasileiro. Mesmo ela tendo conquistado em 2015 a incrível marca de 15 gols em Copas do Mundo Femininas FIFA, tornando-se a maior artilheira da história do torneio, realizado pela primeira vez em 1991.
Fora de campo, ela tem dedicado sua energia ao trabalho como embaixadora da ONU Mulheres em favor da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres pelo mundo.
Diante da visibilidade que a Copa do Mundo Feminina está tendo no Brasil, pode-se dizer que o trabalho da embaixadora Marta, de certa forma, já começou a surtir efeito. Não só em campo, mas fora dele também.