A Lava Jato e outras investigações sobre corrupção no andar de cima da sociedade com poderosos da República parecem seguir na mesma toada de sempre. Quem for flagrado, não importa seu tamanho na ordem relativa dos poderes, vai para o sal. Esse critério, aparentemente republicano, há tempos vem sendo contestado por defensores de quem foi apanhado com a mão na botija, de Eduardo Cunha a Lula.
Desde que expôs falcatruas atribuídas a petistas, em especial as de Lula, José Dirceu e Antonio Palocci, o juiz Sérgio Moro, condutor da Lava Jato, vem sendo sistematicamente acusado de selecionar seus alvos. O fato de toda a cúpula do MDB — Michel Temer, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco,Henrique Alves, entre outros — e os tucanos Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, José Serra, Marcone Perillo, Beto Richa –terem sido igualmente alvos de operações em nada mudou a narrativa petista. Nem a percepção geral.
Até agora. Nas últimas semanas, o que antes era considerado chororô petista e reação de todos que, pelo efeito dominó, iam sendo envolvidos na teia das investigações, ganhou nova conotação. Por mais que pareçam o mais do mesmo, novos extratos dos registros de propina da Odebrecht puseram outra vez na roda Rodrigo Maia e Dias Tofolli, os dois presidentes de poderes que, de alguma maneira, podem conter a Lava Jato.
Quem acompanha as investigações, tomou conhecimento de revelações anteriores, encara como natural esses novos dados sobre Tofolli e Rodrigo Maia. Nem chegam na realidade a agravar o que antes se sabia sobre eles. Mais importante, porém, é a leitura em poderosos gabinetes no Legislativo, Judiciário e até no Executivo.
Há um raro consenso, endossado por alguns dos jornalistas mais bem informados de Brasília, procuradores da República e experientes policiais federais, de que as últimas revelações sobre Rodrigo Maia e Tofolli foram cartas escolhidas em um vasto baralho. E até gente que trabalha com o ministro da Justiça concorda com essa avaliação de que a seleção foi feita pela turma de Sérgio Moro.
Verdade ou não, o estrago é grande.
A conferir.