Jair Bolsonaro ataca as pesquisas de opinião, e o Planalto finge que não liga para elas, mas a substituição de Vélez Rodriguez pelo economista Abraham Weintraub no MEC é a sinalização de que governo pode ter resolvido dar o freio de arrumação que era cobrado interna e externamente. O primeiro dado a se considerar: Weintraub não é “olavete”, não é militar, não é do DEM nem do PSDB (embora tenha afinidades) e nem evangélico (é judeu). Não possui maiores experiências na área educacional, mas é reconhecido como gestor. É, sobretudo, um militante de direita.
Ao indicá-lo, Bolsonaro não deixa de fazer um gesto em relação ao ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que o escolhera para secretário executivo de sua pasta. Lorenzoni podia até preferir um nome político, como o DEM e parte do PSDB, que esticaram os olhos para o MEC.
Essas expectativas não atendidas, aliás, falam muito sobre o limites do presidente da República na negociação da Previdência com o Congresso, e mostram que o presidente não vai ceder e que continuará com poder de fogo reduzido para manter o texto de Paulo Guedes enviado ao Congresso. Quem sabe se isso não seria exatamente o que ele quer…
Os militares não vão também ficar insatisfeitos. Abraham Weintraub não é uma indicação de Olavo de Carvalho e poderá ajudar a “desolavizar” o MEC. Mas vai seguir a linha desejada pelo Planalto. Ele já defendeu o combate ao “marxismo cultural nas universidades” e, obviamente, o tempero ideológico pesou em sua escolha.
Agora só falta esperar a reação de Olavo.