Dois movimentos na manhã desta terça-feira marcaram o início do desmonte do projeto de reforma da Previdência enviado pelo governo ao Congresso. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro ia ao cinema, os líderes dos partidos do Centrão na Câmara (PR, PSD, PTB, SD, PRB) se aliaram ao MDB e ao PSDB e assinaram nota declarando que vão tirar três pontos do texto: as mudanças no BPC, na aposentadoria rural e a desconstitucionalização do tema.
Uma sinalização extremamente negativa para o Planalto, agravada pela decisão do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desmarcar na última hora sua ida à CCJ da Câmara, também nesta manhã, onde explicaria o projeto e iniciaria um processo de apaziguamento dos ânimos entre Executivo e Legislativo.
A oposição não assinou a nota do Centrão expandido, mas está claro que estará a seu lado nesses cortes no texto. Semana passada, foram exatamente esses os pontos citados pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) em vídeo em que comentou a reforma da Previdência.
Nesse quadro, caem todas as previsões de que esta terça seria um dia de recomposição e reaproximação entre governo e aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conforme tinham acenado ontem articuladores de ambos os lados. Não foi.