Por Rafael Bruza e Bruna Pannunzio
O adolescente de 17 anos apontado pela Polícia como terceiro suspeito no massacre da escola Raul Brasil, em Suzano (SP), disse ao Independente nesta quinta-feira (14) que o atirador Guilherme Taucci tinha admiração pelo ataque de Columbine (Colorado, EUA) e se inspirou no mesmo para cometer o atentado nesta semana.
“Foi totalmente baseado em Columbine”, relata o adolescente. “Conhecemos o atentado em 2015. Ele gostou bastante. Eu não estava nem aí porque tiveram outros que foram muito piores e normalmente nos EUA tem bastante atentado em escola. Então whatever para mim. Mas ele ficava dizendo ‘nossa, é muito louco, imagina que você manda seu filho para a escola, achando que ele está seguro e entra um louco lá atirando’”, relata o adolescente.
Na quinta-feira (14), a Polícia Civil pediu à Justiça a apreensão do menor de idade. O delegado-geral, Ruy Ferraz Fontes, afirmou que há suspeita de o adolescente ter participado do planejamento do massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP).
O jovem se apresentou no Fórum de Suzano, nesta sexta-feira (15). Lá, ele é ouvido num primeiro momento pelo promotor da Vara da Infância e Juventude. Em seguida, vai para a sala de audiência de apresentação (não é de custódia). A partir daí, a juíza pode determinar a internação imediata ou o acompanhamento assistido.
O pai do jovem – cuja identidade será preservada – confirmou ao Independente, nesta sexta-feira (15), que seu filho se dirigiu ao local e é considerado o terceiro suspeito pela Polícia.
“Levaram meu filho”, contou em uma mensagem, durante a manhã.
O adolescente é amigo de infância de Guilherme Tauccio e relata que sofreu ameaças por conta da amizade que mantinha com o atirador. O jovem nega sua participação na elaboração do massacre.
“Ele (Tauccio) não confiava em ninguém. Confiava em mim, mas esse plano aí, nem eu sei”, argumenta o jovem. “Ele tinha obsessão com Coluimbine, mas e aí? Eu tenho obsessão com armas. Não tenho nenhuma arma e não saio atirando na multidão”, alega o adolescente.
O suspeito também afirma que não percebeu comportamentos estranhos no atirador, dias antes do massacre.
“Ele não tinha nenhum comportamento, mas sempre falava esses negócios de Columbine. Sempre puxava esses assuntos: ‘nossa, imagina se alguém invadisse a escola de tal jeito e não sei o que’. Aí ele ficava perguntando: ‘ah, como você faria?’. ‘Eu faria desse jeito, e tals’. ‘Ah, eu não faria desse jeito, não, faria de outro jeito’. Ele tava praticamente contando o plano dele, só que em terceira pessoa, como se alguém fizesse isso”, relata.
Taucci conversou com o adolescente inclusive sobre a bomba falsa que planejava fazer.
“’Imagina se alguém pegasse e fizesse uma bomba falsa. A polícia ia perder umas três horas pensando que era um explosivo de verdade e quando eles abrissem a bomba, ia ter um bilhete lá trollando a polícia’”, relata o jovem, citando o atirador.
“Ele praticamente me contou tudo, só que eu não imaginei que ele ia fazer. Dizia sempre ‘imagina se alguém fizesse’. Ele me falava que ia morar no Canadá, inclusive. Aí pensei que o moleque quer um futuro decente. ‘Quero morar no Canadá porque tem pouca população, o país é gelado e não sei que’. Então ele puxava esses assuntos do futuro e eu imaginei que ele estava de boa”.