Como previsto, por 6 votos a 5, o STF atribuiu à Justiça Eleitoral a prioridade para julgar crimes como corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro com conexão com Caixa 2 eleitoral. É uma derrota da Lava Jato e de outras investigações sobre corrupção. A decisão está sendo comemorada por políticos, empresários e agentes públicos investigados ou denunciados na Justiça Federal. Por bons motivos. Além de desaparelhada para conduzir apurações com tal complexidade, a mão da Justiça eleitoral costuma ser mais leve.
Os porta-vozes da força-tarefa da Lava Jato diagnosticam algo próximo do caos no combate à corrupção. Outros procuradores da República, inclusive Raquel Dodge, lamentam a decisão, mas não comungam com visão tão catastrófica. Avaliam que como os atores em uns e outros processos judiciais são mais ou menos os mesmos na prática a mudança não será tão drástica.
O problema é que o relator no STF, o ministro Marco Aurélio Mello, é o rei da confusão no tribunal, com canetadas que causam tremores em Brasília e precisam ser corrigidas em Brasília. Ao final da sessão, quando os ministros sugeriam pontos para a ementa da decisão, prática comum no tribunal, Marco Aurélio deu piti. Disse que se fosse para limitar seu poder de redação sobre a decisão que escolhessem outro relator. O tribunal, meio a contrafeito, aceitou esse ultimato por uma carta branca.
Depois da sessão, Marco Aurélio deu entrevista dizendo que todas as investigações até aqui são válidas, mas todas as sentenças por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas pela Justiça Federal que tenham conexão com Caixa 2 eleitoral podem ser revistas.
Se o entendimento de Marco Aurélio prevalecer, que é o sonho da maioria dos caciques punidos, inclusive cumprindo penas na cadeia, a Lava Jato pode virar uma Torre de Babel.
A conferir.