As primeiras pesquisas de popularidade de um governante, em tese ainda em lua-de-mel com o eleitor, não querem dizer grande coisa. A CNT/MDA divulgada nesta terça, porém, já traz alguns alertas para Jair Bolsonaro, apesar de ainda registrar alto grau de expectativas em relação a futuras ações do governo. O problema, porém, é que a avaliação positiva do presidente (soma de bom e ótimo), em 38,9%, é a menor entre todos os presidentes eleitos a esta altura do mandato.
A comparação correta a se fazer não é com os parcos índices com os quais o antecessor de Bolsonaro, Michel Temer, encerrou seu governo. É, sim, com Fernando Henrique Cardoso, que em fevereiro de 1995, logo após sua primeira eleição, tinha 57% de aprovação. Ou com Luiz Inácio Lula da Silva, que em janeiro de 2003 tinha 56,6%, ou com Dilma Rousseff, que poucos meses após sua primeira posse, em agosto de 2011, tinha 49,1%.
Cada um desses ex-presidentes teve a sua trajetória de (im)popularidade. Lula reelegeu-se e deixou o segundo governo com mais de 80 %. Dilma também foi reeleita mas acabou sofrendo impeachment. Fernando Henrique idem, mas deixou seu segundo governo com menos de 25% de avaliação positiva.
Bolsonaro ainda tem muita água pela frente, mas é visível sua rápida queima de gordura dos primeiros 60 dias. Foi um período acidentado, em que teve um dos filhos envolvido nas investigações do Caso Queiroz e o outro comprando a briga que resultou na desgastante demissão de Gustavo Bebbiano.
O próprio levantamento CNT/MDA mostra que o papel dos filhos 01, 02 e 03 no governo não foi bem assimilado pela opinião pública. Para 73% dos entrevistados, o filho Carlos Bolsonaro teve influência na demissão de Bebianno, emborab 54% tenham considerado essa demissão “justa”. Mas 56,8% acham que os filhos do presidente estão interferindo nas decisões do pai e 75,1% acham que isso não deve acontecer.
A necessidade de limitar a interferência dos filhos talvez seja o principal recado da pesquisa CNT/MDA a Bolsonaro, já que ainda existe um grau razoável de confiança do brasileiro no futuro e no governo: 57% acreditam que o atual governo mudará sua vida para melhor. Acham que a segurança (53,3%) e o emprego (51%) vão melhorar.
O problema de Bolsonaro, agora, é começar a fazer isso.