Nada mais simbólico da situação política de hoje do que a imagem de Jair Bolsonaro entrando agora de manhã a passos rápidos no Congresso, para entrega da PEC da Previdência, mais do que ladeado, colado aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do DEM. Ficou claro ali quem é que vai mandar. Acesse: PEC-6-2019 – Previdência
Poucas horas antes, Bolsonaro sofrera acachapantes derrotas nas duas Casas, como a convocação do ex-ministro Gustavo Bebianno para falar de sua polêmica demissão no Senado e a derrubada por goleada, na Câmara, do decreto que regulamentava a Lei do Acesso. Esta última foi articulada pelo próprio Maia com os líderes partidários na Casa, numa espécie de aviso aos navegantes do Planalto, no melhor estilo pefelista dos velhos tempos: você pode não gostar, mas não vive sem mim.
A soma da constrangedora crise provocada pela demissão de Gustavo Bebianno – que pode se prolongar em novos vazamentos de conversas – com o alto grau de desarticulação política dos novos ocupantes do Planalto deu o resultado esperado: Bolsonaro, apesar do discurso contrário ao toma-lá-dá-cá, está nas mãos da velha política e de seus métodos.
Na real, não haverá como aprovar a reforma da Previdência no gogó, em negociações temáticas com bancadas setoriais, sem cargos de segundo escalão ou liberação de emendas. Simples assim.
Na segunda fila do pelotão que entrou no Congresso com Bolsonaro, de quem ganhou carinhoso abraço, a presença do senador emedebista Fernando Bezerra Coelho era um outro símbolo da nova-velha situação. Nomeado líder do governo no Senado na véspera, Fernando Bezerra foi ministro de Dilma Rousseff, líder de Michel Temer e investigado na Lava Jato de seu agora colega de governo Sérgio Moro.