Não se sabe o que é pior para a imagem de um governo que ainda não completou um mês: manter no Ministério personagens investigados na Lava Jato e outros casos ou demitir um integrante do primeiro escalão a cada segunda-feira. Pela terceira vez, a semana começa em Brasília sob o signo das apostas, desta vez em torno de nada menos do que três cabeças: quem será degolado até o final do dia?
Os candidatos são: 1) Fábio Osorio, o titular da AGU, alvo de intenso tiroteio interno desde sexta-feira, numa mal-contada história de desgaste precoce atribuído a múltiplas razões; 2) Fatima Pelaes, a recém-nomeada mas ainda não empossada secretária da Mulher, que teve divulgada uma biografia com acusações de corrupção e posicionamentos polêmicos em causas feministas como o aborto; 3) por fim, Henrique Alves, do Turismo, que figura hoje na manchete da Folha como alvo do PGR ter supostamente recebido recursos da OAS no Petrolao.
Quem vai cair? Osorio angariou antipatia no Planalto, mas obteve no fim de semana inesperado apoio de corporações de advogados, delegados e procuradores envolvidos com a Lava Jato. Espertamente, fará sua demissão parecer uma tentativa de criar obstáculos à operação.
Fatima está na situação mas delicada, mas não se mexeu para pedir demissão, poupando Temer de demiti-la. Vai ser preciso negociar.
Henrique Alves é, paradoxalmente, o caso mais grave e menos grave no momento. Aparece concretamente citado por Rodrigo Janot, mas não há gravação com sua voz, como havia com Romero Juca e Fabiano Silveira. Também ainda não é oficialmente acusado. É uma questão de tempo, mas esse tempo não precisa ser necessariamente hoje.
Façam suas apostas, pois tudo pode acontecer. Até mesmo nada, se Temer quiser interromper o desgastante ciclo de degolas semanais.