A ministra da Agricultura deu o alerta: o agronegócio está entrando em pânico com as notícias que chegam ao campo vindas de Brasília. Tereza Cristina, com sua habitual suavidade, dá a entender que a agricultura brasileira poderá ser estrangulada pelas políticas precipitadas vindas das áreas econômica e diplomática.
Sua expressão é perfeita: “O desmame dos subsídios não pode ser radical”, disse em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Desmame precoce
Como bem sabe qualquer rurícola, ao se desmamar o mamífero antes de ele poder se alimentar por conta própria, o bichinho morre. É o caso da agropecuária brasileira, que, como em todos os demais países do mundo, é alimentada suplementarmente por políticas agrícolas e subsídios.
Entretanto, no final, quando se fecha a conta há um resultado, um lucro, em que o País produtor sai ganhando. Isto é uma realidade insofismável, pois aí estão os números.
Essa é a conta, dificilmente compreendida por quem não é do ramo. É um absurdo acreditar que um setor que corresponde a mais de 20 por cento do PIB seria deficitário.
O que existe, de fato, são gargalos, superados pelas tais política agrícolas, fortemente assentadas sobre os mecanismos de crédito para financiamento de plantio e colheita. No final, o agro paga todas as contas e dá lucros para o Banco do Brasil e para o erário.
Lavoura em pânico
O que diz a ministra é que as notícias de uma nova política agrícola que estaria em gestação, retirando esses apoios financeiros à produção, estão levando pânico às lavouras, comprometendo o plantio da safra que está aí na frente. É preciso lembrar que o agronegócio, nesta colheita de 2018/19, não voa em céu de brigadeiro.
Pelo contrário, há problemas de preços nos mercados e, nas lavouras, quebras de safra por problemas climáticos. Fora os dois Matos Grossos, todas as demais regiões relevantes, Sul e Sudeste, enfrentaram problemas climáticos ainda não superados.
Cadeia alimentar
Na parte diplomática, Tereza Cristina lembra a todos que nosso grande concorrente são os Estados Unidos, e que a China é a maior cliente da agricultura brasileira. Na fala da ministra, fica bem claro que essa questão com os chineses não é só retórica, pois ela lembra que se reuniu com o embaixador de Pequim e outros interlocutores para amenizar os efeitos da hostilidade brasileira a seus fregueses de caderno.
Também é bom lembrar que quando se escreve agronegócio refere-se a toda a cadeia da produção alimentar, que começa na indústria de insumos (fertilizantes, óleo diesel etc.) e vai até a gôndola do supermercado e ao navio graneleiro no porto. São milhões e milhões de empregos, não só no campo, mas nas cidades, nas estradas e nos sete mares.