Nesse domingo, Flávio Bolsonaro finalmente saiu da toca. Desde dezembro, ele tergiversava sobre o relatório do Coaf que levantou suspeita sobre a estranha movimentação bancária de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Essa postura constrangia os principais ministros do governo chefiado por seu pai. Após a divulgação pelo Jornal Nacional de que sua própria movimentação bancária estava na berlinda, a situação ficou insustentável.
Chamado a Brasília, Flávio Bolsonaro disse que, em relação a sua conta bancária, tinha explicações consistentes. Ele as expôs, em entrevistas à TV Record e a Boris Casoy, da Rede TV!, em um claro troco à TV Globo. Apresentou justificativas aparentemente plausíveis sobre um suposto negócio imobiliário: 1) — Os 48 depósitos em sequência, cada um no valor de R$ 2 mil, teriam sido assim realizados pelo limite fixado para cada operação no caixa eletrônico da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro; 2) – O pagamento do título no valor de R$1.016,834 teria sido feito pela própria Caixa Econômica Federal ao financiar a aquisição de um imóvel comprado na planta.
Flávio Bolsonaro até avançou sobre uma possível explicação que Fabrício Queiroz — após várias versões pouco críveis, como a marretagem na venda e compra de carros — daria ao Ministério Público para sua alta e pingada movimentação bancária: todo o dinheiro recebido por sua família, com empregos no gabinete e bicos fora, seria depositado na conta bancária de Queiroz. Vai ser difícil incluir nessa explicação os depósitos de outros funcionários do gabinete sem qualquer parentesco com Queiroz.
O fato é que as entrevistas de Flávio Bolsonaro nesse domingo podem ter alcançado seu objetivo. Mais do que ele sair das cordas, momentaneamente ou não, desanuvia o clima para a viagem de Jair Bolsonaro e das principais estrelas de seu governo, os ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, para se apresentarem às elites do planeta no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A conferir.